P.219: Nem mel, nem fel

Aprecio nos blogues a originalidade das publicações, entendida não como uma procura desenfreada da diferença, mas como privilégio dado ao produto de própria autoria, seja a nível do texto, seja no da ilustração; aprecio a variedade nos temas, nos objectivos e, se possível, no próprio estilo da escrita. Gosto de um equilíbrio entre o sério e a brincadeira, o racional e o sentimental, o lógico e o absurdo (e se não houver equilíbrio, que haja, ao menos, umas notas dissonantes de vez em quando). De um modo geral, prefiro a composição curta e digo de um modo geral porque, como bem sabemos, há textos pequenos cheios de nós cegos e outros, longos, que se desfiam com toda a facilidade e prazer…
De resto, nem mel, nem fel, sendo que mel figura aqui como síntese de uma escrita uniformemente poética e de temática amorosa e fel como pura maledicência. Não incluo nestes últimos aqueles blogues temáticos vocacionados para a crítica humorística de figuras públicas que, ao serem-no, a isso se expõem. Falo dos outros, daqueles que por falta de assunto, de consistência e de talento, se ficam pelo vómito azedo dos autores sobre assuntos mesquinhos e desinteressantes das suas pobres vidas.