28.6.07

P.314: E laranja é... (uma curiosidade)


Portakal
Em Grego, em Turco e em Árabe...
Coincidência...?

(imagem Wikipédia)

P.313: Turismo global

O título representa, aqui, aquele turismo para que nos encaminham hoje tantas agências de viagens: ressorts, ilhas mais ou menos paradisíacas in the middle of nowhere, n’importe où, por todo o lado, iguais aqui, suponho, às de mais além, porque tudo foi criteriosamente estudado para atrair, para satisfazer todas as necessidades, para agradar e tornar o próprio turista no publicitário que lá no seu neighborhood há-de dizer bem do país, como se o tivesse realmente conhecido.
Mas ainda que no sistema de “pulseira no pulso e tudo incluído” é possível avançar um pouco no conhecimento das terras e das gentes, querendo. É uma questão de atitude, curiosidade, atenção, cordialidade.

18.6.07

P.312: Viagem

É primeiro sonho, experiência antecipada, antevisão de gozo futuro. É, depois, realização, braçadas de remos num dia a dia de diferenças. É, por último, o espaço novo que fica e se preenche de recordação.

15.6.07

P.311: Mas haverá quem fuja das setas de Cupido...?!

Em resposta ao desafio vindo daqui.


Gostosas semelhanças aproximam o estado inebriante do amor da leveza sentida no brinde a dois que o celebra!

13.6.07

P.310: Os vendedores de livros


Vêm aos pares. São jovens, vestem fatos baratos que lhes caem mal e disfarçam a descuidada higiene do cabelo com camadas pastosas de gel. Mais difícil é eliminar o cheiro do tabaco impregnado e esconder as mãos de unhas descuidadas. Mais difícil é camuflar a pobreza da formação e dos conhecimentos, coberta de chavões decorados. Têm a tarefa ingrata de vir vender um produto que, aparentemente, consomem muito pouco. Enganam-se nos nomes dos autores, redigem propostas com erros ortográficos e têm sempre dois ou três telemóveis com toques grotescos que surgem a interromper a pose artificial da conversa.
Se tentamos indicar-lhes um livro, possível compra, um tema, uma necessidade pontual da instituição, nem nos ouvem! Querem vender as grandes obras – enciclopédias várias, colecções de Atlas, grandes formatos com pele de carneira… – que o grão a grão não enche o papo dos frangos desta geração de tudo e nada. Por isso, torna-se geralmente inviável dar resposta aos seus anseios comerciais. E quando se despedem, confesso que é sobretudo os pais, que por certo ainda os têm a cargo, que lamento.

11.6.07

P.309: Ceia

Quem garante que o Leonardo é que tinha razão...?!


:-)

(Artesanato peruano)

10.6.07

P.308: Alcoolemia

Acabo, justamente, de ouvir esta palavra mal pronunciada no Jornal da Uma, da Sic. Aqui fica, a propósito, o apontamento de um professor muito sabedor e interessado por estas questões dos erros frequentes, o Dr. Magalhães dos Santos, que nos diz:
Palavras em que muito frequentemente se erra são as terminadas em –EMIA. Na televisão e na rádio, a cada passo se ouve falar nos elevados índices de alcoolémia. É erro! Para que não errem, lembrem-se da mais frequente das palavras em que entra esse elemento grego: ANEMIA. A alguém ocorreria dizer que certa pessoa sofre de anémia? ANEMIA é formada pelo prefixo a(n)-, que indica falta de, carência de, inexistência, e pelo elemento –EMIA, que significa sangue. ALCOOLEMIA: presença de álcool no sangue. UREMIA: presença de urina no sangue; GLICEMIA: presença de açúcar no sangue.

P.307: Tormes

Eça de Queirós nunca viveu em Tormes, nome que começou, aliás, por ser apenas uma designação literária, primeiro do conto «Civilização», Torges, e depois do romance A Cidade e as Serras. A casa da Quinta de Vila Nova ou de Sta. Cruz, onde hoje está sediada a fundação com o seu nome não teve nunca, em vida do escritor, o recheio que hoje possui, vindo na sua maioria da sua casa em Paris, última morada. Mas ainda há poucos dias, a propósito de eventos levados a cabo pela fundação, alguma imprensa voltou ao repetido logro de confundir realidade e ficção, fazendo de Eça Jacinto e pondo o autor a escrever na sua mesa alta, olhando os socalcos e respirando o ar dessa paisagem duriense!
A Quinta fora herança da sua mulher e o escritor visitou-a duas vezes: em 1892 e em 1898. Gostou muito do local e da paisagem, mas não gostou da casa, nem considerou que ela tinha condições de habitabilidade, no estado em que se encontrava.
Quis, no entanto, o destino que fosse precisamente ali que a família acabou por vir habitar, depois da sua morte, fazendo face a algumas dificuldades económicas, que fosse esta a principal morada de sua filha, Maria, e que, por essa via, acabasse por ser também a casa a que hoje mais o associamos.
Atrás da fachada que o autor considerou hedionda, transpondo as escadas laterais de um mau gosto incomparável, encontramos os objectos requintados do homem que precisou de viver Paris para acabar apreciando o Portugal mais profundo e verdadeiro.


Porto, 28 de Maio de 1892
Minha Querida Emília
(…) Seria necessário gastar dinheiro, e bastante, em fazer através de todo aquele belo monte caminhos transitáveis e fáceis. Enquanto à casa é feia; e à fachada mesmo pode-se aplicar, sem injustiça, a designação de hedionda. Tem um arco enorme, e por baixo dele duas escadarias paralelas que são de um mau gosto incomparável.(...)


Quinta de Vila Nova, Santa Cruz do Douro, 2 de Junho de 1898
Minha Querida Emília
(...) A casa, essa, inteiramente me convenceu da sua inabitabilidade. (...) Excelente para guardar milho - impossível para conter uma família.
Os caseiros habitam no casarão uns buracos negros, de incomparável imundície. E nós, o Luís e eu, temos um quarto, o único, que é bom para dois dias e dois boémios.(...)

...

(Fotografias de Carlos Sampaio)

7.6.07

P.306: Linhas

Linhas traçadas pelas agulhas ociosas da minha mãe, quando preenche utilmente as horas vagas em pensamentos tricotados. Há laças e pontos infindos de ideias que unem os filhos e os netos e os muitos que povoam o mundo de três tempos dos vivos. Há laças e pontos incontáveis de reflexões, em que a preocupação pode colorir-se de um pacífico verde e a tranquilidade momentânea de gritante vermelho rubro…!
Tecem-se enredos por trás do seu semblante clarividente. Seguem livres o tempo que durar o gesto mecânico da mão que alonga o fio e das duas que fazem a malha bailar e crescer.
E quando nos envolvemos nestas suas mantas multicolores, sabemos que não é só a lã que nos afaga…

3.6.07

P.305: O D.G. dos Impostos escreveu-me

Hoje recebi um email do Director-Geral dos Impostos avisando do início do período de pagamento do IMV e com uma ligação directa para o sítio das Declarações Electrónicas, onde pode verificar-se a identificação da(s) viatura(s) de que somos proprietários, saber o preço a pagar e encomendar o(s) respectivo(s) dístico(s), caso queiramos.
Ainda não há muitos dias tinha utilizado a Internet para entregar a minha declaração de IRS e não pude deixar de recordar os tempos não muito longínquos em que a passagem pelo inferno da Repartição das Finanças era obrigatória, pelo menos uma traumática vez no ano! Filas, esperas, tempo mal gasto, atendimentos antipáticos, indisposições de vizinhos, chatices…
O homem que “assina” o email recebido hoje, Paulo Macedo, é responsável por muito do que mudou para melhor neste sector. Todos o reconhecem, até uma simples contribuinte, distante e com alergia a serviços que funcionam mal, como eu.
Nada me escandaliza, portanto, o ordenado principesco que ganhou se ele, comprovadamente, já arrecadou para nós (Estado) quantias que o justificam largamente. Há coisas caras que saem, afinal, bem baratas e outras, aparentemente de modesto valor, que são verdadeiro desperdício. Isto também se aplica aos mais altos funcionários da Administração, da Nação. É "imoral" que um deles ganhe mais do que o Primeiro Ministro?! Parece-me uma imoralidade artificialmente criada por legislação. Há provas de que o Chefe do Governo trabalhe melhor do que qualquer outro…? Que o seu serviço seja mais útil?...

1.6.07

P.304: Um DESASSOSSEGO dançado

Pede-me a minha priminha bailarina que divulgue este espectáculo.


Como não o faria, se sei que à difícil arte da dança associa a ingrata arte de promoção da arte e a estas a ainda mais penosa arte de sobreviver como artista em Portugal…?!