30.5.08

P.435: Anúncio imobiliário

não autorizado.

Moradia independente. Toilette duplo, arejado, dotado de luz natural. Comboio a 10 metros… Escanhoou, viajou! :-)
A não perder!

21.5.08

P.434: MVV_MuseuVilaVelha

Brinca o arquitecto com o desenho, as formas, os materiais, integração, fusões, contrastes… e até as palavras que dizem disso tudo.

“O edifício é um volume pétreo e silencioso (…) é um muro-perímetro, apenas perfurado de modo contundente sobre o cemitério romântico (…) inicia-nos assim aos segredos antigos que se (re)constroem no laboratório arqueológico… salas secretas transparentes (...)”
António Belém Lima, arquitecto

Brinco eu com as imagens nocturnas do velho e do novo, as transparências, as curiosidades, a face lisa, o olho luminoso.


A brincar a brincar, ganhou a cidade um novo e discreto testemunho de um passado que lhe coube por vontade régia, estratégia política de imposição do poder: a "Vila Real" em vez dos feudos dos senhores. Tempos e razões a descobrir.

19.5.08

P.433: TUA… por justa causa







  • Um rio vivo que quer continuar a correr para a foz pelos próprios meios.
  • Uma linha férrea integrada de forma única numa paisagem excepcional.
  • Um destino que se quer turístico e que pode sê-lo, rendendo mas preservando…
  • Uma debilidade nas razões de querer acabar com o que é e com o sonho de ser mais…

............

As palavras dos "Quercus"

O caso da barragem do Foz Tua
No caso da barragem do Foz Tua existem quase todos os impactos negativos que associamos às barragens de grande dimensão. Por um lado ocorrerá a supressão pura e simples daquele que nós consideramos ser talvez o mais belo vale de toda a bacia do Douro, com grande parte da sua paisagem centenária e ecossistemas ainda intactos. A perda desta grande beleza paisagística, transversal a alguns concelhos, constituirá um empobrecimento da região. A eliminação do mapa de uma das linhas de faixa estreita mais belas do mundo – considerada assim por associações de amigos dos caminhos-de-ferro de todo o mundo – constituirá uma perda irreparável, quer de um aproveitamento turístico sustentável, uma vez que linhas com estas características são muito procuradas para lazer, quer de uma futura ligação ferroviária na região, no âmbito de políticas de transporte mais amigas do ambiente, que se possam querer encetar no futuro. Do mapa serão também riscados importantes locais de cultura e lazer. São exemplo as termas de S. Lourenço, com água quente sulfurosa que brota dos pés da estátua medieval do mesmo santo, onde se tomam banhos medicinais, num edifício de forma invulgar, e as Caldas de Carlão (concelho de Alijó), onde se manifesta algum do vulcanismo da região, estas já com instalações modernas de hidroterapia. Seria também submergida a praia fluvial no Tinhela, adjacente às Caldas de Carlão, com arvoredo que lembra o Choupal em Coimbra. Do ponto de vista ecológico e paisagístico, afigura-se-nos impensável, o buraco de dimensões épicas que teria de ser feito, entre o local da barragem e a verdadeira foz do Tua, locais separados por cerca de 300 metros, para viabilizar o mecanismo de contra-embalse previsto, o qual visa aumentar a produtividade da barragem. A foz do Tua é uma zona de grande sensibilidade ambiental que seria, pura e simplesmente, arrasada. Com esta barragem, o Estado português faz tábua rasa da diversidade biológica, violando assim compromissos assumidos na União Europeia, nomeadamente a Estratégia Pan-Europeia da Diversidade Biológica e Paisagística. Pelos motivos já citados, acreditamos que a construção da barragem do Foz Tua teria impactos muito negativos ao nível da paisagem, da ecologia e do património, inviabilizando uma verdadeira exploração turística dos concelhos, constituindo assim um empobrecimento significativo da região e contribuindo para a desertificação humana destes locais. Os benefícios apontados afiguram-se-nos demasiado escassos para contrapor aos aspectos negativos identificados.

(Mais informações no site do Núcleo Quercus de Vila Real)

18.5.08

P.432: Sirva-se! :-)


Quando menos esperamos, falta-nos um...!!!

13.5.08

P.431: Conjugalando...?



Um dia o meu velho professor de Latim, que já tinha sido colega da minha avó e professor da minha mãe, chegou à nossa sala com a sua pose fleumática alterada. Tinham-lhe atribuído, nesse ano, uma turma de 8º de Português dos novos Cursos Unificados e os miúdos andavam a dar cabo do seu resto de paciência cansada. Nesse dia a piada fora o Complemento Circunstancial de Companhia: quando o prof se saíra com aquela novidade gramatical, os putos rebentaram em gargalhadas que vieram embater na superfície aparentemente impermeável da sua pose professoral. Mas não. Algo penetrou e perturbou um equilíbrio de muitos anos daquele velho mestre! A tal ponto que concedeu a si próprio e a nós, reles alunos do ensino secundário, um desabafo: Vejam lá que…! E todo ele transpirava indignação e admiração.
Lembrei-me disto quando os meus alunos resolveram achar imensa piada à explicação de um processo de formação de neologismos, novas palavras que podem formar-se por amálgama, ou seja, com junção de palavras truncadas. Quando cheguei ao “truncadas”, então, foi como um rastilho de riso pela sala toda… vá-se lá saber porquê! Impossível, porém, explorar um texto de Mia Couto, com as suas femeameninas, os seus temedrosos, barulhosos e transcoloridos..., sem abordar este tema linguístico.
Mas estas coisas ficam-me cá dentro, como um ritmo de música que se imprime na memória mesmo à revelia da nossa vontade. E, por isso, quando procurava fotografias e passei por esta de um par de cegonhas em Alcácer do Sal, pensei na amálgama, no Mia Couto, nas palavras truncadas, no meu velho professor de Latim, nos meus jovens alunos prontos a gozar uma piada, nos complementos circunstanciais ou outros de companhia e… interroguei-me: conjugalando? :-))

12.5.08

P.430: Muros de incompreensão...

O que pode subsistir numa comunidade quando um dos seus membros, com apenas 15 anos, põe fim à existência? O quê, para além da interrogação, da consternação…?
Culpa?!
A vida em sociedade perfila-nos, todos diferentes, numa parada em que distribui desafios arbitrariamente… Joga-se a sorte, medem-se as forças, testam-se resistências.
E depois há cocktails de circunstâncias, as tais insustentáveis levezas, ou pesos insuportáveis, do ser…
No adeus a uma Liliana que não conheci, despeço-me também do Nuno que, a meio de um outro ano lectivo, deixou vago o lugar da direita na carteira do fundo, junto à janela da minha sala de aula...!

9.5.08

P.429: Histórias da História

A História tece-se, muitas vezes, com os mesmos fios que constroem a ficção, numa procura do provável, do verosímil, em lógicas e razões que carecem de uma boa dose de imaginação, ainda que esta seja apenas o ponto de partida para a investigação e a procura da prova. Mas é isso, justamente que a faz um domínio tão interessante do saber!
Vem isto a propósito deste artigo, descoberta de hoje no Público, sobre o chegar, estar e descobrir a Austrália… Interessante.


os ingleses descobriram-na”


1.5.08

P.428: Dizem que é uma espécie de cortejo...!

Coimbra, 10 de Maio de 1984 - A Queima das Fitas exumada. O desafio anarquista que esta festa já foi, e o conformismo burguês em que descambou! A opressão gera a revolta, e como, durante os anos da ditadura, a mocidade não tinha outra válvula de escape para descomprimir a angústia, fazia de cada carro um fortim de irreverência, de cada dístico uma provocação. Agora todas as liberdades lhe foram outorgadas. E, em vez de as aproveitar a desmedir a imaginação, a aguçar o espírito, banaliza-se numa glosa do comum, a exibir uma alegria que não tem, convencionalmente embriagada com maus vinhos. E o que era uma sagração juvenil, que eu ajudava a celebrar da janela do consultório, é um cortejo triste de uma geração sem história.

Miguel Torga, Diário XIV


E eu fui “exumar” estas palavras de Torga, inspirada pelo espectáculo degradante do cortejo de ontem, da Queima das Fitas da UTAD, em Vila Real. Os maus vinhos de 1984 foram substituídos pelas máquinas de finos, uma em cada carro, para uma bebedeira mais completa, e único enfeite dos veículos, se exceptuarmos uns quantos jovens de roupa embebida na dita cerveja, vertida ou vomitada, e umas potentes colunas de som debitando batidas e roncos…
Nem uma crítica esculpida, nenhumas palavras de ordem gritadas, nenhuma piada desenhada, nem uma alusão a profs, à universidade, ao sistema, à política… ao próprio curso…! Nada! Cerveja a jorros, contorções de dança, urros a nada…
Pára a cidade pra ver uma coisa destas e ninguém diz que estes reizinhos de agora vão nus…!!!