31.12.08

P.462: Quantos metros com barreiras?

Hoje acaba mais um, o civil. Lá mais à frente terminará o lectivo e, andando um pouco mais, acrescenta-se um de vida. Marcos que se nos colocam na linha do tempo e que acentuam a sensação de voragem… Somam-se as passagens e subtrai-se ao optimismo natural mais um ano de ilusões perdidas sobre o mundo.

O brinde é um paliativo, sobretudo se borbulha num bom champanhe que nos faz pairar a uma razoável distância das coisas. À nossa, que bem precisamos!


(fotografia original de Marta Lima)

1.12.08

P.461: A neve caía... mas não bateu de leve a avisar.

(Fotografia: Público online)


O Homem põe e a Natureza dispõe.
Sete horas e meia de bloqueio numa serra nevada: almoço de bolachas Maria, cortesia de uma parceira de viagem e de infortúnio; necessidades básicas satisfeitas com o recato (pouco) possível; solidariedades de fora, através de telefonemas – a rede não congelou, valha-nos isso –, mas sobretudo “de dentro”, entre aqueles que contavam viajar anonimamente juntos durante hora e meia e se viram prisioneiros do mesmo cárcere no melhor de um dia de sábado.
Este país nunca se conformou com o Inverno puro e duro que às vezes também lhe bate à porta. E, por isso, nunca se preparou para ele. Um nevãozito daqueles de fazer rir qualquer povo de outras latitudes e paramos nós por cá, nas serras e cercanias. Falta de vigilância, de aviso, de decisões de desvio de trânsito atempadas. Falta de meios: limpa-neves e sal são ainda luxos num Portugal nem sempre tão europeu quanto se arroga.
E é assim que se testam os nervos, que se reaprende a humildade de “bicho homem tão pequeno” no cenário dantesco dos elementos adversos conjugados.
Perdeu-se o dia e, por falta de fé, tão retemperadora nestes casos, não podemos sequer pretender que nos sirva de remissão dos pecados…