14.1.09

P.464: Christiane F.

Christiane F. é uma "rapariga da minha idade" e voltou a Amesterdão e às drogas. A notícia é já de Agosto de 2008, mas foi ontem que me bateu nos olhos naqueles cruzamentos de informação, sem semáforos de aviso, em que o Google gosta de nos lançar à bolina. A procura de guias de utilização segura da net, a páginas tantas (não saberei dizer quantas já abrira), desenrolou no ecrã da minha memória o cartaz de um filme a cuja estreia assisti, em inícios dos anos 80, em Paris…

Lembro que na altura foi um safanão, uma mostra triste de uma realidade desconhecida, uma decrepitude e um pessimismo circunscritos no contexto bem colorido dos tenros anos, das férias na cidade-luz entre amigas e de um futuro de aparência promissora. Mas ficou arquivado e desde então, quantos os casos conhecidos, próximos, de amigos?

Christiane F. voltou a Amesterdão e foi regressado de lá que se perdeu P., irmão da minha amiga V. e, também, A., seu outro irmão, na perda menos definitiva de uma imbecilidade fruto da recuperação. E o mesmo com M., amigo dos outros dois e com N., colega da minha irmã, e C., amiga da família. E com P., vizinho das traseiras e com… Tantos!

Christiane F. existe, tem a minha idade e, também, um filho. Voltou a Amesterdão com a criança e às drogas que a excluem do seu mundo. Perdeu a sua guarda. Perdeu a esperança?

E a pergunta surge-me, repetida, incómoda: será que alguma vez, de facto, se recupera de uma dependência?!

(Cartaz: Wikipédia)

13.1.09

P.463: CR 7



A reacção é geralmente de recusa de atenção aos protagonismos futebolísticos e até de uma certa irritação pela contrariedade que representam em relação a princípios que procuro ensinar.
Mas ontem prolonguei a sobremesa frente à televisão e “concedi” alguns minutos de atenção ao português melhor futebolista do mundo em 2008, acabando por assistir a todo o programa que a RTP 1 tinha preparado com grande qualidade: capítulos breves subordinados a temas, curtas sequências de entrevistas variadas integrando a reportagem, uma visão abrangente tocando pontos essenciais da sua vida, personalidade, características profissionais, sem maçar.
E acabei por me “reconciliar” com o miúdo, porque por trás do ar aparentemente mimado e de um discurso geralmente pobre e atabalhoado nos modos, parece estar afinal alguém com a cabeça no lugar, uma grande vontade de aprender sempre, de ser melhor, sabendo que tal exige esforço. Sendo assim, ainda que o prémio de tudo isso seja um lucro desmedido que ultrapassa em muito o salário milionário, menos mal quanto a princípios.
Por último, como sou mais propensa a desejar felicidades do que a vaticinar a desgraça, fiz votos de boa viagem ao ilhéu, compatriota distinto que com a sua sigla pequenina navega num oceano imenso de perdições…
(Fotografia RTP)