P.200: O oito e o oitenta
«Não concebo a vida, Excelências, desde que o taberneiro da esquina possa discutir a opinião d’el-rei, nem me seria possível viver desde que a minha opinião valesse tanto como a de qualquer arruaceiro».
Leio estas palavras da personagem Miguel Forgaz, da peça Felizmente Há Luar!, governador do reino na ausência de D. João VI, quando o país iniciava a sua despedida da monarquia absolutista e, pelos caminhos de relações que tomam tantas vezes os pensamentos, ora mais rectos, ora mais sinuosos, venho desaguar neste tempo que vivemos e na actual opção “informativa” de muitos dos nossos canais televisivos.
Na perseguição do objectivo de estar mais tempo e mais próximo dos locais de notícia, as televisões inundam-nos de opiniões anónimas do vulgo ignaro, quase sempre verborreia sem ideias e sem culpa. Culpado é quem as pede e quem as impõe, esbanjando um tempo precioso com contrafacções informativas.
“Tenho aqui comigo…” e o Zé e a Maria nem precisam de dar o cu e cinco tostões para aparecerem na T.V.. Basta dizerem o que não viram, mas viu o vizinho e a prima, que é quase a mesma coisa. E que inveja a da cunhada! E que sorte a deles estarem ali a tempo de acudir àquela pobre jornalista que, nervosa e sem saber que dizer, lhes pede a eles que digam!...
E o zapping nem sempre nos safa, porque só um canal escapou, até ver, à epidemia…
Não é a primeira vez que aqui falo disto, mas não me tenho apercebido de sinais de mudança. Numa altura em que a exigência e o rigor chegam a todos os sectores de actividade, surpreende-me que a quantidade, o preencher o tempo de emissão de qualquer maneira, continue a praticar-se descaradamente!
Leio estas palavras da personagem Miguel Forgaz, da peça Felizmente Há Luar!, governador do reino na ausência de D. João VI, quando o país iniciava a sua despedida da monarquia absolutista e, pelos caminhos de relações que tomam tantas vezes os pensamentos, ora mais rectos, ora mais sinuosos, venho desaguar neste tempo que vivemos e na actual opção “informativa” de muitos dos nossos canais televisivos.
Na perseguição do objectivo de estar mais tempo e mais próximo dos locais de notícia, as televisões inundam-nos de opiniões anónimas do vulgo ignaro, quase sempre verborreia sem ideias e sem culpa. Culpado é quem as pede e quem as impõe, esbanjando um tempo precioso com contrafacções informativas.
“Tenho aqui comigo…” e o Zé e a Maria nem precisam de dar o cu e cinco tostões para aparecerem na T.V.. Basta dizerem o que não viram, mas viu o vizinho e a prima, que é quase a mesma coisa. E que inveja a da cunhada! E que sorte a deles estarem ali a tempo de acudir àquela pobre jornalista que, nervosa e sem saber que dizer, lhes pede a eles que digam!...
E o zapping nem sempre nos safa, porque só um canal escapou, até ver, à epidemia…
Não é a primeira vez que aqui falo disto, mas não me tenho apercebido de sinais de mudança. Numa altura em que a exigência e o rigor chegam a todos os sectores de actividade, surpreende-me que a quantidade, o preencher o tempo de emissão de qualquer maneira, continue a praticar-se descaradamente!
1 Comments:
Por vezes é necessário o Zé da Esquina vir dizer que o "rei vai nu" (e até, aí, o "sutaque" do "purto" fica bem).
O mal é quando os protagonistas são todos Zés da Esquina e o "jornalista" se limita a segurar no microfone.
E o mal maior é quem ouve se convencer que qualquer um pode opinar sobre tudo.
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