P.193: Razões para perder a cabeça
Pequena curiosidade histórica.
Acontece a qualquer um perder a cabeça. Mas convenhamos que com as estátuas da Antiguidade a tendência é muito acentuada.
Sempre pensei que fosse questão de fragilidade: região cimeira, pescoço delgado… Mas não é só! Que me desculpem os vigários se pareço tentar ensinar-lhes o Padre Nosso, mas para aqueles que se mantêm na ignorância em que eu estive até há bem pouco tempo, direi que há uma outra razão de peso. É que muitas das estátuas eram esculpidas sem cabeça. Deixava-se o pescoço rematado de forma a poder levar, depois, a cabeça de quem mais conviesse, de quem estivesse no poder na altura, do glorificado pela campanha, de quem encomendasse… E quando cessasse o poder, o dinheiro ou a glória, o mesmo corpo, de envergadura e formas disfarçadas pela toga ou pelo vestido pregueado, podia bem ser decapitado do rosto do defunto ou deposto e ganhar a cara de novo afortunado. Simples economia e pragmatismo.
Assim se explica que muitas estátuas tenham chegado até nós em estado de boa conservação, mas separados, e por vezes mutuamente perdidos, a cabeça do tronco e membros.
Sempre pensei que fosse questão de fragilidade: região cimeira, pescoço delgado… Mas não é só! Que me desculpem os vigários se pareço tentar ensinar-lhes o Padre Nosso, mas para aqueles que se mantêm na ignorância em que eu estive até há bem pouco tempo, direi que há uma outra razão de peso. É que muitas das estátuas eram esculpidas sem cabeça. Deixava-se o pescoço rematado de forma a poder levar, depois, a cabeça de quem mais conviesse, de quem estivesse no poder na altura, do glorificado pela campanha, de quem encomendasse… E quando cessasse o poder, o dinheiro ou a glória, o mesmo corpo, de envergadura e formas disfarçadas pela toga ou pelo vestido pregueado, podia bem ser decapitado do rosto do defunto ou deposto e ganhar a cara de novo afortunado. Simples economia e pragmatismo.
Assim se explica que muitas estátuas tenham chegado até nós em estado de boa conservação, mas separados, e por vezes mutuamente perdidos, a cabeça do tronco e membros.
6 Comments:
estamos sempre a aprender!
só agora entendi porque algumas das estátuas têm os corpos parecidos, com traços belos e atléticos!
estamos então perante um embuste da época! ou sei lá o quê! se bem que as razões para perder a cabeça se adaptam aos tempos que correm!
:-)
Mas que curiosa ideia, nunca a soube! Obrigada pela tua douta explicação, perfeitamente integrada nos modos vários da Antiguidade. Quanto à menina dos dois brincos na mesmo orelha, estou a ver e a rir. Bjinho
Tantas razões para perder a cabeça!!!!!!! :-)
"A razão das coisas"
Olha queres ensinar o padre nosso ao vigário ou quê?
***
Tem graça que tal nunca me tinha ocorrido. Pensava que fosse provocado por coleccionadores de arte sem escrúpulos, ou simples desgaste do tempo!
Mas realmente esta explicação faz todo o sentido, tal era a instabilidade na antiguidade e demonstra uma visão muito pragmática do negócio.
Saudações infernais!
Antes do "pronto a vestir" já existia então o "pronto a encabeçar"!
Que interessante, não fazia ideia.
Enviar um comentário
<< Home