P.159: Centenário_I (1)
12 de Agosto de 1907.
17 de Janeiro de 1995.
Entre uma e outra data, a vida de um negrilho-homem, de raízes fortes e ramos altos, daqueles de ver longe, seiva fervilhante de vida viva, muitas vezes incómoda, não menos inconformada com a estreiteza de alguma incompreensão.
Entre uma e outra data, a procura do irmão homem, mesmo na noite solitária e nos dias do avesso de si… Uma fraternidade imensa e delicada, por trás do ar rude, carrancudo.
Entre uma e outra data, os chamamentos do Deus calado e ausente, pedidos, lamentos… até ao grito, frustrado, do abandonado que abandona a espera!
Entre uma e outra data, a pátria, o Portugal das gentes simples, do verdadeiro, das raízes… o país palmilhado, porque é na geografia e na história de cada terra que o homem é inteiro, genuíno.
Entre uma e outra data, Miguel Torga.
IDENTIFICAÇÃO
Desta terra sou feito.
Fragas são os meus ossos,
Húmus a minha carne.
Tenho rugas na alma
E correm-me nas veias
Rios impetuosos.
Dou poemas agrestes,
E fico também longe
No mapa da nação.
Longe e fora de mão...
Diário XV
. __________ .
(Durante este ano, pequena homenagem, é minha intenção publicar alguns poemas e excertos escolhidos de obras do autor.
Fotografia de Torga digitalizada a partir da sua «Fotobiografia»)
5 Comments:
Torga cheira a granito.
Ninguém como ele soube entender e por a falar esse Portugal interior, profundo e telúrico.
A exploração das raízes da cultura portuguesa passa inevitavelemente por ele.
dito e feito.
Entre uma e outra data a tua prometida homenagem.
venham mais...
:-)
Pirata
Resposta aqui.
Há muitas referências a esta árvore na obra de Torga. Daí à identificação com o autor, foi um passo.
:-)
Assim parece.
Negrilho ou Olmeiro.
Obrigada pela homenagem a Torga.
Minha avó materna tb nasceu à 100 anos (4 Junho 1907)...
Enviar um comentário
<< Home