P.151: Crónica de uma arquitectura doente
Nas duas salas pequenas e sobreaquecidas acotovela-se gente, muita, atacada de diversos males. Mãos na cabeça ou na barriga, tosses, espirros, alguns gemidos disfarçados, choros, vómitos de crianças e cheiros de fraldas sujas, tudo na intimidade forçada de um espaço exíguo. Um dos compartimentos é escuro, interior; o outro iluminado, com grandes vidros de janelas que não abrem.
Acomodo-me na cadeira azul forte, do lado iluminado. As instalações são novas, de paredes brancas, madeiras claras, mobiliário colorido, ar condicionado. Mas as condições são más. Se o espaço é pequeno, muito aquecido, sem arejamento e se destina a muita gente doente, parece-me a mim que os únicos beneficiados são os vírus que cada um transporta, com perigo de contaminação dos restantes. Mexo-me, na cadeira, um pouco inquieta já não pelo mal que aqui me traz, mas pelos que poderei daqui levar… É um serviço de urgência.
Espero um pouco mais de uma hora. Dentro, onde uma médica me atende sem nunca me olhar e com uma comunicação monossilábica mínima, respira-se melhor.
E, com menos aquecimento e acabamentos menos modernos, é assim também o Centro de Saúde que frequento, onde as salas de espera são interiores, os gabinetes dos médicos pequenas celas de condenados, onde crescem cogumelos na humidade dos chãos e paredes, e onde os corredores de acesso e gabinetes de enfermagem são impraticáveis para utentes em cadeira de rodas, para enumerar só alguns dos seus defeitos visíveis! Foi construído há uma dúzia de anos…
Quem serão os responsáveis pela concepção destes espaços?! Que orientações técnicas recebem?! Quem lhes aprova os projectos?!!... Como dizia há muitos anos um homem do povo, a propósito de casos semelhantes, numa carta saborosa e cheia de sabedoria que enviou ao meu pai, são mentes invadidas pela neblina...! É isso mesmo, sr. Presidente da Junta. Eu direi mesmo que há por aí muita gente a sofrer de nevoeiro mental cerrado!
Acomodo-me na cadeira azul forte, do lado iluminado. As instalações são novas, de paredes brancas, madeiras claras, mobiliário colorido, ar condicionado. Mas as condições são más. Se o espaço é pequeno, muito aquecido, sem arejamento e se destina a muita gente doente, parece-me a mim que os únicos beneficiados são os vírus que cada um transporta, com perigo de contaminação dos restantes. Mexo-me, na cadeira, um pouco inquieta já não pelo mal que aqui me traz, mas pelos que poderei daqui levar… É um serviço de urgência.
Espero um pouco mais de uma hora. Dentro, onde uma médica me atende sem nunca me olhar e com uma comunicação monossilábica mínima, respira-se melhor.
E, com menos aquecimento e acabamentos menos modernos, é assim também o Centro de Saúde que frequento, onde as salas de espera são interiores, os gabinetes dos médicos pequenas celas de condenados, onde crescem cogumelos na humidade dos chãos e paredes, e onde os corredores de acesso e gabinetes de enfermagem são impraticáveis para utentes em cadeira de rodas, para enumerar só alguns dos seus defeitos visíveis! Foi construído há uma dúzia de anos…
Quem serão os responsáveis pela concepção destes espaços?! Que orientações técnicas recebem?! Quem lhes aprova os projectos?!!... Como dizia há muitos anos um homem do povo, a propósito de casos semelhantes, numa carta saborosa e cheia de sabedoria que enviou ao meu pai, são mentes invadidas pela neblina...! É isso mesmo, sr. Presidente da Junta. Eu direi mesmo que há por aí muita gente a sofrer de nevoeiro mental cerrado!
4 Comments:
Lamento que o motivo da crónica tenha sido uma ida à urgência... mas vale a pena pelo lado acutilante!
As melhoras...
Bj
a pirata vermelho
óptimas sugestões para uma noite fria em Trás-os-Montes!!!
Chocolate é um dos meus filmes preferidos!
Mas porque é que Fellini passa tão tarde?! Amanhã é dia de trabalho e lá vou eu cheia de sono!
Passei para desejar boas festas e um ano cheio de inspiração.
porque conheço o meio, apenas digo que os Arquitectos estão em desvantagem em relação aos Médicos, porque os erros de uns são expostos e os dos outros são enterrados!
Temos de ter paciência mas aceitar que o mesmo tipo de arquitectura projectado para regiões mais quentes, como é o caso do Algarve, seja utilizado quase em jeito de copy/past em regiões do interior norte, onde as condições climatéricas são por demais conhecidas!
Um dia (não sei quando) eles (arquitectos) terão de mudar esta forma estranha de projectar e pensar a arquitectura...
ops
já vou ser crucificado...
fico por aqui...
:-)
as melhoras a tempo de entrares com excelente saúde em 2007.
bjs
:-)))))
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