P.414: Dois goles a duzentos paus!
comercial, aceito-o com certeza. Agora, que 35 cêntimos de diferença não cheguem para cobrir esses extras de custos e ainda render benefícios já me custa muito a acreditar.A páginas tantas...
comercial, aceito-o com certeza. Agora, que 35 cêntimos de diferença não cheguem para cobrir esses extras de custos e ainda render benefícios já me custa muito a acreditar.
Vivo por vezes um pouco a fantasia de A Rosa Púrpura do Cairo: esbato limites, incorporo a ficção na realidade. Estou entre esses miúdos e vamos brincar aos índios e cowboys, sendo que, certo e sabido, eu serei índia, pela "pinta" e pelo gosto, remoto, das minorias e das causas perdidas…
Que bem me sabe!
A não muitos quilómetros, a noroeste desta casa e na margem oposta do Douro, descansa em campa rasa o ilustre Eça que ilustre fez esta Casa de Ramires num seu romance de ocaso. Diz aí o Autor que a sua “torre [é] antiquíssima, quadrada e negra” e ela lá continua, mais um século volvido sobre a publicação destas palavras, vetusta mas ainda assim mais robusta e firme que a construção envolvente.
Razões similares às que aproximaram o escritor de Santa Cruz do Douro e da casa que é hoje sua Fundação, Quinta de Vila Nova/Tormes, o trouxeram ao conhecimento desta moradia solarenga: pertencia à família de sua mulher Maria Emília de Castro Pamplona..jpg)
Não te importe, ó mortal, depois de morto
Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo.
O papel deprimente que desempenharam todos os intervenientes no episódio, recente e amplamente divulgado, da Escola Secundária Carolina Michaëlis teve, pelo menos, um dom: o de colocar na ordem do dia o assunto da falta de educação, contestação da autoridade e agressões de vário tipo, quotidianamente vividos nas escolas.
Uma das minhas refeições do fim de semana de Páscoa será, provavelmente, de casulas e botelo ou, dito por outras palavras, vagens secas de feijão e chouriço de ossos. A ementa é mais adequada ao Carnaval, mas só agora me calhou em sorte dar um salto a Mogadouro e aterrar numa animada e bem sortida feira de artesanato e produtos da terra. Nunca provei, mas asseguram-me os conhecedores que é um petisco! Não fora outras preocupações e viria de lá carregadinha das coisas apetitosas que trouxe na memória, mormente um pão grande e cheiroso, vários queijos, grande variedade de biscoitos de aspecto e de nomes sugestivos…
“Dar um salto” a Mogadouro é, ainda, uma expressão muito optimista, mesmo para quem parte de cerca de 136 km de distância. Duas horas e meia bem medidas e a paciência de meio percurso em estrada antiga e sinuosa… daquelas que já muitos portugueses desconhecem, mas que ainda abundam nos interiores esquecidos. Talvez também por essa razão, o acolhimento é fantástico, como que a pedir ao viajante desculpa pela difícil empreitada de lá chegar.
Trás-os-Montes é região grande e variada. E quando assim rumo a Este, atravessando a Terra Quente, ouvindo a gente, apreciando produtos locais, sou obrigada a reconhecer que a zona de Vila Real pouco tem a ver com esse Nordeste profundo. O mesmo acontece se a incursão for para Norte, em terras de Boticas e Montalegre. Más estradas e clima agreste, secundados pela geografia do terreno, mantiveram cada terra com seu uso… E se era bom que se resolvessem as incomodidades e dificuldades dos acessos – o que está ainda longe de acontecer –, seria muito agradável que ao mesmo tempo se mantivesse a diversidade de produtos e tradições gerados na anterior pobreza e isolamento…
É de Tomás Ribeiro que, em 1862, no Poema A Portugal da obra D. Jaime ou a dominação de Castela, obra anti-iberista e, portanto, contra uma forte corrente da época, romanticamente o afirma. Aqui fica o excerto que contextualiza a expressão na sua origem:
Se prestou muita ou pouca atenção à leitura das primeiras notícias, não poderei dizê-lo, embalada pelas divagações em que me lanço quando, para lá do vidro, corre uma paisagem bonita mas sem surpresas. Não sei, por isso, há quanto tempo o homem estacionara naquela artigo que o meu olhar, regressado ao interior da camioneta, apercebia por entre os dois bancos: uma bela loiraça, provocante e nua, enchia por inteiro a página onde o tipo, demoradamente, lia, talvez nas formas, na pele… na memória?... os encantos daquela notícia fresca!
No meu pesadelo chovem papéis sobre a minha cabeça. Amontoam-se-me à volta os decretos, os despachos, os convites, as cartas, os anúncios, os regulamentos, normas e circulares , avisos, informações, reclamações, notas explicativas, formulários, grelhas… Tento agarrá-los, evitar que se depositem em torno de mim, lê-los. Mas escapam-se-me das mãos, dançam na minha frente, fogem-lhes as letras… Cresce a ansiedade e a aflição à medida que vou ficando submersa…
Para já tenho sido salva, in extremis, pelo despertador!


Dirão: grande parola! À vontade. Esta bourgeoise já foi suficientemente épatée para reagir às mais ousadas propostas. O que acontece é que não prescindo do gosto, do meu, e esse não se rege pela inovação ou pela tradição, pela ruptura ou pela obediência a cânones, mas pela emoção e pela adesão do meu espírito ao objecto de arte.
Pausa longa na escrita. Tempo de assuntos que ocorrem, mas não encontram tempo de disponibilidade e de vontade…