29.3.08

P.411: Ilustres casas...

A não muitos quilómetros, a noroeste desta casa e na margem oposta do Douro, descansa em campa rasa o ilustre Eça que ilustre fez esta Casa de Ramires num seu romance de ocaso. Diz aí o Autor que a sua “torre [é] antiquíssima, quadrada e negra” e ela lá continua, mais um século volvido sobre a publicação destas palavras, vetusta mas ainda assim mais robusta e firme que a construção envolvente. Razões similares às que aproximaram o escritor de Santa Cruz do Douro e da casa que é hoje sua Fundação, Quinta de Vila Nova/Tormes, o trouxeram ao conhecimento desta moradia solarenga: pertencia à família de sua mulher Maria Emília de Castro Pamplona.
Hoje os proprietários – viúva e três filhos – são de uma outra família, fidalga ou plebeia não sei dizer, mas seguramente a braços com uma herança pesada em história, renome e preço de reconstrução! O estado é calamitoso: um fantasma triste, abandonado numa paisagem aberta e linda!

Um pouco mais cedo, ainda em Resende, um “comité” arregimentado recolhia assinaturas para uma petição a dirigir à Assembleia da República. Em demanda a autorização dos altos representantes da nação para transformar o dormitório dos frades de S. João de Tarouca, a não muitos quilómetros dali, num hotel que o salve da ruína… Quem visitara o dito e se compadecera das pedras caídas, assinou sem hesitação. Em mim, porém – olhos que não viram, coração que não sente? – venceu a relutância de pedir para tornar de poucos o que é de todos por direito. Idealismos fora de tempo?... Pouco me importa. Que me peçam a minha pequena contribuição de um bilhete de entrada por todo esse património português gratuito, mas que não me impeçam de entrar em nenhum monumento do meu país por não poder pagar um preço exorbitante de estadia!

2 Comments:

Blogger kermit said...

Minha Cara
Essa região é digna de ser visitada.Pena que aldeias maravilhosas de outrora como Caldas de Aregos estejam a definhar com o andar do tempo. Cabe-nos a nós revigorar o Douro.
Cptos

abril 08, 2008 9:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Por coincidência, ando com meu "Casa de Ramires" novamente - depois de alguns anos - debaixo do braço, a explicação?
Eça é Eça, ora.
E este casario maravilhoso que referes é encantador aos olhos e a alma, mesmo ao longe, mesmo a "tanto mar" de distância...

Pedro Jaime-Brasil

abril 12, 2008 4:55 da tarde  

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