25.3.08

P.409: Sejamos francos!

O papel deprimente que desempenharam todos os intervenientes no episódio, recente e amplamente divulgado, da Escola Secundária Carolina Michaëlis teve, pelo menos, um dom: o de colocar na ordem do dia o assunto da falta de educação, contestação da autoridade e agressões de vário tipo, quotidianamente vividos nas escolas.
Sejamos francos: muitos de nós professores, ao vermos esse triste desempenho de protagonistas, personagens secundárias e mesmo dos inoperantes figurantes, somos capazes de evocar a turma A ou a turma B, a aluna X ou o aluno Y capazes de, num mau momento nosso, nos envolverem num enredo semelhante.
Quero com isto dizer que, embora chocantes, os factos ali mostrados estão longe de ser raros e, em potência, estão actualmente quase sempre presentes, tornando frequentemente o dia-a-dia das aulas uma verdadeira guerra de nervos.
Parece-me, no entanto, e é pena que assim seja, que o triste acontecimento se apagará sob os discursos, as muitas análises em torno das sobejamente conhecidas causas, sem vir a suscitar uma única medida bem pensada e com garantias de eficácia…
Defendo uma formação especializada em interacção com adolescentes e jovens problemáticos para os professores e percursos formativos especiais para alunos reincidentes em comportamentos desadequados, percursos não baseados, portanto, apenas nas suas capacidades intelectuais e/ou de trabalho, como acontece actualmente, embora muitas vezes esses problemas coexistam.
Para alunos “ingovernáveis” dentro do sistema de ensino que temos, penso muitas vezes – que me perdoem a “ousadia” os colegas que tanto prezam a “escola democrática filha do 25 de Abril” – na disciplina militar praticada nos Quartéis por instrutores preparados para vergar rebeldias. Por que não pensar nesses locais, hoje tão despovoados, e numa formação valorizando o exercício físico intenso e a aprendizagem de valores, a par de algumas matérias do currículo normal, para a formação de um certo perfil de alunos? A mim não me chocaria, sobretudo quando vejo o desespero de alguns colegas, dos pais e mesmo dos próprios alunos, perdidos em revoltas que não sabem bem explicar e infelizes em consequência delas…

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Uma turma que demora tanto tempo a reagir..onde andam os valores..em consciência o único irradiado, seria o realizador (estou a associar as "bocas ouvidas/legendadas a ele..

abraço

intruso

março 25, 2008 10:01 da tarde  
Blogger APC said...

parecem-me medidas sensatas as que propoes, mas eu iria mais além. aluno/a que tivesse semelhante comportamento não tem lugar na escola. talvez num instituto de reinsereção, vulgo, casa de correcção. é que sem medidas drásticas não haverá paz nas escolas.
Um abraço

março 26, 2008 12:36 da tarde  
Blogger bettips said...

Quando dei conta e li que já tinham passado 26 ministros...apetecia que fossem todos a julgamento. Porque brincaram com o futuro: e ele está aí, não só "nos meninos" (hoje uma criança de 6 anos era chamada de "rapaz" no telejornal!!!) mas nos paizinhos dos mesmos. Não há suspensões, faltas disciplinares, acumulação das mesmas reflectidas nas notas? No mínimo e imediato. Qual conselho nem meio conselho, reuniões, inquéritos ...
Indisciplina e bandalheira, informação aos pais e casa com eles. Isto enquanto não deixar de haver preconceitos quanto ao serviço cívico em favor da comunidade, para quem não sabe estar nela. Tanto faz ser o aluno como o bêbado do taxi.
O professor tem de adquirir, exigir de novo a autoridade, ao menos de ter condições no seu local de trabalho
Abçs

março 27, 2008 2:26 da manhã  

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