31.1.08
29.1.08
P.390: A magia das T.I.C.

27.1.08
P.389: Obviamente...

20.1.08
P.388: Uma curiosa missiva
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13.1.08
P.387: Ilustrar o tempo

Há sempre uns 10 a 20% que nos levam a sério. Por esses não perdemos de todo o entusiasmo. Por isso me deixei contagiar pela preocupação séria da miúda. O prazo de entrega esgotava-se dali a dias e a professora pedira algo muito difícil mesmo, se não impossível!...
A sério?! Ora diz lá.
O busílis residia naquela minha observação final: as respostas sobre o espaço e o tempo devem ser ilustradas com passagens da obra.
E a garota balouçava o estojo dos lápis de cor na minha frente, atrapalhada. Professora, eu o espaço ainda consigo desenhar… Mas o tempo…?! Como hei-de ilustrar o tempo??...
L., mea culpa!
Em próxima aula, polissemia e, claro, o verbete do verbo "ilustrar". :-)
12.1.08
10.1.08
P.385: Dias de pimenta na língua...

A verdade é que nunca como hoje "se me ofereceram" situações em que tão necessariamente fosse preciso um desabafo forte e sonoro, ainda que gritado para dentro, no habitáculo cúmplice do meu veículo ou entre as paredes clementes da minha casa. Dantes, qualquer asneira na minha boca soava a coisa forçada. Hoje soa-me bem! Faltava-me a raiva e a convicção que agora são genuínas.
Constato a mudança. Não me preocupa, a não ser pelas razões que a motivam. Creio no efeito terapêutico de uma rajada verbal reactiva.
Puta que pariu esta vida que hoje levamos!
7.1.08
6.1.08
P.383: Cinzel e caneta
Ergueu-se o poema, belíssima estátua, diante das palavras esculpidas de Miguel Ângelo. Há setenta anos.

Roma, 6 de Janeiro de 1938.
MOISÉS
Moisés de Miguel Ângelo e meu:
Força da terra a olhar o céu
Em desafio:
Ou Deus ou Nós, que somos naturais.
Animais,
Crocodilos do Nilo ou de outro rio!
Barbas em corda do rolar dos anos;
Pés terrosos, humanos,
Dos caminhos saibrosos da Verdade;
Tábuas da Lei na mão,
Tábuas da Lei do chão,
Única eternidade!
Cornos de fauno do brotar do cio:
Um farrapo a cobrir toda a nudez;
Veias no corpo, que a maré do rio
Enche dum sangue que não fica frio
Por mais que gele a pedra em que se fez!
Peito de quem bateu de encontro à fraga.
E a fraga se desfez em água pura;
Super-Homem do homem que ficou
Morto de fome quando o Pão faltou,
Porque o grito que deu não tinha altura!
Braços de lutador da Humanidade,
Pernas de quem andou no mar sem fundo:
E no todo que marca a tua idade
Um misto de Velhice e Mocidade
A dar a força adulta do teu mundo!
Grito da Natureza-Mãe;
Ânsia minha e de quem
No mais alto Sinai chamou em vão;
Sonho do mundo todo e de ninguém;
Pedra da Promissão!
5.1.08
P.382: Lei N.º37/2007
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Atravessaremos agora tempos extremados nos antípodas dos gestos libertários da minha adolescência, até que os ânimos se acalmem: os fumadores se consciencializem da justeza das medidas legais e os não fumadores reconheçam que uma baforada de fumo de cigarro de vez em quando é tão prejudicial como uma tarde de ar condicionado no centro comercial ou uma noitada de excessos alcoólicos.
(1) A frase é título de um livro de Luísa Dacosta.
4.1.08
P.381: Ohh...!
A mim, como se diz por cá, nem me aquenta nem me arrefenta. Nem creio que o prejuízo dos 3.000 envolvidos no evento seja demolidor, nem acredito que os benefícios para as populações africanas “visitadas” seja considerável e, portanto, lamentável a sua perda. E, pessoalmente, perco apenas algumas imagens bonitas de dunas e sunsets e meninos negros pasmando e tremendo ao ronco dos motores…

Sou pouco conhecedora desse vizinho grande e desgovernado onde estive tão escassas vezes, mas as palavras de um outro, seu viajante e admirador, que se viu na rota do rali, mas em sentido contrário, e com motivações bem diferentes, fazem sentido dentro de mim:
«Penso na minha situação. Aqui vou de Dacar a Lisboa, a conduzir um Mercedes pelo deserto fora, eu que nunca toquei o volante de um Mercedes, agora possuo um, homologado para o itinerário de rali mais famoso do mundo. Participo no Lisboa-Dacar. Mas, ao contrário dos outros participantes, a minha prestação dilui-se no quotidiano antigo da Mauritânia sem qualquer ofensa à sensibilidade local. O rali real, o que passa em sentido contrário, invade um espaço de pureza e luz cristalina com os valores mais sombrios e degradados que a nossa civilização soube criar: o desperdício insensato de energias não renováveis; a competição como fonte de estímulo e estima pessoal; o luxo ostentado em territórios de miséria e pudor; o complexo de superioridade civilizacional; a arrogância sorridente e a falta de respeito por outras culturas, outros modos de vida. (…) O meu Lisboa-Dacar pessoal está apenas no início. Um rali onde a arrogância cultural não existe, a competição não é um valor, e o que importa não é conquistar o deserto, apenas amá-lo de perto».