P.385: Dias de pimenta na língua...
Nunca fui muito asneirenta e agora, dou por mim a blasfemar, clamando contra A, B e C e as p* das situações em que me vejo envolvida, num português bem vernáculo – para ser clemente comigo mesma –, capaz de fazer corar a minha querida mãe, que, a seu tempo, nem “porreiro” nos deixava dizer e agora, olha, é o que se vê…! Até o primeiro, tão cheio das responsabilidades que um microfone sempre próximo deve trazer, larga bojarditas dessas … Está o mundo perdido, é bom de ver. Por ele e por mim: mesma geração e uma balda de linguagem que não sei onde irá parar!
A verdade é que nunca como hoje "se me ofereceram" situações em que tão necessariamente fosse preciso um desabafo forte e sonoro, ainda que gritado para dentro, no habitáculo cúmplice do meu veículo ou entre as paredes clementes da minha casa. Dantes, qualquer asneira na minha boca soava a coisa forçada. Hoje soa-me bem! Faltava-me a raiva e a convicção que agora são genuínas.
A verdade é que nunca como hoje "se me ofereceram" situações em que tão necessariamente fosse preciso um desabafo forte e sonoro, ainda que gritado para dentro, no habitáculo cúmplice do meu veículo ou entre as paredes clementes da minha casa. Dantes, qualquer asneira na minha boca soava a coisa forçada. Hoje soa-me bem! Faltava-me a raiva e a convicção que agora são genuínas.
Constato a mudança. Não me preocupa, a não ser pelas razões que a motivam. Creio no efeito terapêutico de uma rajada verbal reactiva.
Puta que pariu esta vida que hoje levamos!
(Imagem: Fractal - Crown of Thoms.
Origem não identificada)
5 Comments:
Pois eu acho muito bem. Também não sou muito dado a bojarditas, apesar dos constantes exemplos que vamos recebendo, no entanto tenho que reconhecer que já fui menos!
É esta maldita vida que nos leva a puxar o pé para o chinelo!
Aquele abraço infernal!
Pois estou contigo: tenho uns anos bons a mais, dizia dantes, quando estava possessa: Poça com dois erres!
Agora... sai direitinho e sabe tão bem!
Pois se até o nosso Primeiro (falando para o nosso Primeiríssimo!)...
«C'est l'habitude» diria o meu Camus.
Apetecia-me vir lá de baixo a comentar o que penso do que pensas.
Mas...disseste bem e resumiste!
D'accord: e como diz a J., o pior é começar qu'esta coisa não melhora e a gente fica mesmo "com picos"!
Bj
Muito bem!
"Dantes, qualquer asneira na minha boca soava a coisa forçada. Hoje soa-me bem! Faltava-me a raiva e a convicção que agora são genuínas." - ah, pois gostei!!!
:-)))
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