5.1.08

P.382: Lei N.º37/2007

Houve um tempo longe(1), em que a exuberância da liberdade recém adquirida e o desconhecimento dos malefícios ainda considerável, suscitaram situações extremas como as que vivi na adolescência, com "ganapos" a responder a chamadas orais dos professores entre duas baforadas de fumo de um cigarro. Não se sabia a extensão do mal, por um lado, e fumar perante um professor, acto socialmente reservado aos adultos até aí, era como um grito de pequeno vagabundo!
Na escola durou pouco a brincadeira, claro. Mas em casa, no carro, nos transportes… em reuniões, na televisão… em qualquer local, o cigarro, o fumo, tiveram, anos a fio, lugar inquestionável.
Há muito, porém, que há sinais de mudança. Tímidas medidas a princípio, mas já maduras. Foram sendo e crescendo e teriam forçosamente que chegar ao ponto a que chegaram, com o conhecimento científico cada vez maior e a consciência dos direitos próprios cada vez mais apurada.

Atravessaremos agora tempos extremados nos antípodas dos gestos libertários da minha adolescência, até que os ânimos se acalmem: os fumadores se consciencializem da justeza das medidas legais e os não fumadores reconheçam que uma baforada de fumo de cigarro de vez em quando é tão prejudicial como uma tarde de ar condicionado no centro comercial ou uma noitada de excessos alcoólicos.

(1) A frase é título de um livro de Luísa Dacosta.

1 Comments:

Blogger APC said...

Para aproximar os extremos são precisas pontes robustas. Entre as pessoas, é a cultura que as faz. Mas essa não é feita de uma só massa, e sim de uma liga complexa. Para além do mais, para que não se choque quem vem numa e noutra mão, há que lhe descobrir os vários sentidos, mas sempre com um fim comum: que de ambos os lados se possa partir, que a ambos se possa chegar, que o caminho seja seguro, que os cruzamentos sejam dignos.

Agora que penso, tem pouco de optimista, esta metáfora. Esquece!

janeiro 25, 2008 12:38 da manhã  

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