29.11.05

Página 30: RIVIERE



(...)
Hoje volto
até junto de vós mais forte, ou estarei enganado, se bem que o coração
pareça abrir-se em recordações ledas e atrozes.
Triste alma passada
e tu vontade nova que me chamas,
tempo é talvez de vos unir
num sereno porto de sabedoria.
E um dia virá ainda o convite
de vozes de ouro, de lisonjas audazes,
alma minha nunca mais dividida. Pensa:
mudar para hino a elegia; refazer-se;
não faltar mais.
Poder
tal como estes ramos
ontem descarnados e nus e hoje cheios
de frémitos e linfa,
sentir
amanhã também por entre os perfumes e os ventos
um refluir de sonhos, um louco urgir
de vozes rumo a um fim; e no sol
que vos inunda, litorais,
tornar a florir!

eUGENIO mONTALE

19.11.05

Página 29: Dança Contemporânea

a propósito de «MEMÓRIAS DE UM SÁBADO COM RUMORES DE AZUL»

(Companhia Paulo Ribeiro)

Não procures um caminho. Descobre o sentido a cada retalho. Entrega-te à beleza da expressão da harmonia, do desencontro, da violência, da indiferença, do desespero, do oportunismo, da loucura, da razão, coincidentes ou discordantes, colectivos ou individuais. Gesto simples, ginástica rebuscada, pirueta, salto, corpo que arrasta, corpo que vibra, corpo quebrado, corpo hirto. Esgar de gozo, rugas de dor, riso, placidez. A vida é feita destas intermitências…

12.11.05

Página 28: Para ti

Gosto de quem assim fala
A ouvir o meu silêncio
Contando o mundo
E enchendo o ar de melodia.
Gosto de quem assim vem
Espreguiçar-me os sentidos
E quebrar mansamente
As teias do meu medo.
Gosto desse afago sem razão.
E gosto mais de mim
Por gostar.

Página 27: Pour moi non plus?



L'amour

L'amour... pas pour moi,
Tous ces "toujours",
C'est pas net, ça joue des tours,
Ça s'approche sans se montrer,
Comme un traître de velours,
Ça me blesse, ou me lasse, selon les jours.

L'amour... ça ne vaut rien,
Ça m'inquiète de tout,
Et ça se déguise en doux,
Quand ça gronde, quand ça me mord,
Alors oui, c'est pire que tout,
Car j'en veux... plus encore.

Pourquoi faire ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses ?
A quoi bon se laisser reprendre
Le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre,
C'est une embuscade.

L'amour ça me va pas,
C'est pas du Saint Laurent,
Ça ne tombe pas parfaitement,
Si je ne trouve pas mon style
Ce n'est pas faute d'essayer,
Et l'amour... je laisse tomber!

A quoi bon ce tas de plaisirs, de frissons,
De caresses, de pauvres promesses ?
Pourquoi faire, se laisser reprendre, le coeur en chamade,
Ne rien y comprendre, c'est une embuscade.

L'amour... j'en veux pas
Je préfère les temps en temps
Je préfère le goût du vent
Le goût étrange et doux de la peau de mes amants,
Mais l'amour... pas vraiment !

8.11.05

Págia 26: Entardecer



Tu estás do lado da luz, no prenúncio róseo do bom tempo, esfarrapando a nuvem, descobrindo a lua de brincar.
E eu fico a adivinhar, por trás do azul dos montes, o espaço feliz em que és belo sem mim.

1.11.05

Página 25: Impressionismo


Página 24: Raízes de pedra