27.9.05

Página 12: Noite


Ciclicamente vens. Vejo-te chegar carregando de escuridão e de silêncio o meu vazio. Deixo-me envolver nos teus braços que ensinam o esquecimento e a morte, sem verdadeiramente deixarem esquecer, nem morrer. Dispo-me de todas as máscaras e entrego-me, sem esperança.

26.9.05

Página 11: Acordar


O pior despertar é o que me arranca ao sonho de estar contigo!
Fico então a sonhar não mais despertar…

25.9.05

Página 10: Danças Tradicionais da Indonésia




O exotismo dos instrumentos, dos seus sons estranhos ao meu ouvido, das melodias difíceis, mas belas, das feições dos músicos, dos trajes, das poses das bailarinas, das suas mãos elegantes e gestos gráceis pairou no espaço apertado e contrastante de uma assistência conhecida. Foi preciso abstrair do próximo e deixar que a música me levasse nessa viagem que ainda não fiz. Gostei muito.

22.9.05

Nota 2: Sobre o silêncio

19.9.05

Página 9: Cabedelo de um outro tempo

Poema “abracadabra”,
História do princípio,
Palavra mágica,
De encantamento!
Pensei que te ofereceras
Ao momento,
Ligado desde então
Ao pedaço de vida começado…
Mas não.

Hoje figuras
Em espaço público
Cumprindo
Outros destinos!

11.9.05

Página 8: Eternizar


Eternizar. Parar num momento antes daquele em que já dói, de tão bom e irrepetível. Antecipar, quando é só prenúncio. Parar, pairar na expectativa. Saber sem viver ainda, sem morrer portanto. Ficar ali, num espaço sem tempo.

7.9.05

Página 7: Díspares

Para uns o sonho. Para outros o pesadelo. Felizmente não sempre o mesmo para os mesmos... Aí reside a esperança.

4.9.05

Página 6: Mudança

Grande Camões, hoje ouso fazer minhas as tuas palavras de mestre da vida!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

3.9.05

Página 5: Sonho

Tenho nas minhas mãos o teu corpo maleável. Sei a lição, mas é o instinto que comanda o gesto. Faço-te meu caminho. Percorro-te devagar. Conheço os sítios de paragem. Beijo-te. Inspiro. Todos os sentidos concentrados. Vou levar-te comigo para onde sabemos. Fazer-te todas as coisas que se fazem e se dizem sussurradas.

2.9.05

Página 4: Sexta-feira

Esqueçamos que hoje era o dia de tu vires. Esqueçamos o jantar melhorado, o sorriso cúmplice, a conversa. Esqueçamos até a urgência que nos tomava, às vezes, de soltar o amor contido em vésperas de espera… Esqueçamos a noite longa e boa, início de mais dias de partilha. Esqueçamos tudo, sem mais. Lembrar para quê? Hoje é um dia como outro qualquer.

Nota 1

Há algo de semelhante entre deixar de amar e deixar de fumar!...