P.247: O último dia
Por conta dessa balda vi eu ontem a minha secretária encher-se de trabalhos para corrigir no fim de semana e próximos longos e penosos dias. A tarefa estava marcada desde meados de Setembro e não havia tempo mínimo para a sua execução, apenas um prazo máximo que terminava precisamente, adivinhe-se… ontem. A dois dias do fim, um aluno aproximou-se da minha mesa lentamente com duas folhecas na mão e um ar de herói desta e da galáxia vizinha: fora o único a não esgotar completamente o prazo, queria recolher dividendos! Ontem, durante toda a manhã choveram os restantes e, já de regresso a casa, a meio caminho do carro, vem ainda ao meu encontro uma funcionária a quem uns quantos retardatários da ultimíssima hora haviam delegado a incumbência da entrega. Não exagero nada.
E assim, os meus digníssimos e pré-universitários alunos estão preparados para serem uns verdadeiros cidadãos portugueses, entregarem o seu I.R.S.zinho no último dia do prolongamento do prazo e fazerem bicha para a semanal aposta no Euromilhões…
4 Comments:
Apesar de jovens, são genuínos portugueses! É uma imagem de marca que já não nos deveria surpreender.
Saudações infernais!
costumo usar alguns truques: no trabalho, antecipo dois dias o fim do prazo oficial; quando um dos convidados é retardatário, marco-lhe o jantar meia hora mais cedo do que aos restantes; e assim tento evitar surpresas de última hora...
mas embora tente, a sedução fatal da «última hora» é mais forte do que eu! nem te digo a hora em que submeti o meu irs por internet!
Acho que, no fundo no fundo, isso tem um nome e esse nome é preguiça!
Enquanto o "fogo não chega ao..." acredita-se que "ainda há tempo", depois "ai Jesus!".
Mesmo as pessoas que não conseguem ser produtivos sem estarem em stress podiam gerar elas internamente o seu factor de stress, em vez de dependerem de uma condicionante externa.
Seja o que for, só se mobilizar quando a guilhotina está a cair não é medalha de mérito para ninguém, mesmo que consigam até terminar a tempo, no penúltimo segundo do prazo.
É genético. Nada de novo, portanto.
Beijinhos e bom trabalho. Juro que o digo sem ironia.
Beijo
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