28.4.07

P.241: Leituras

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É o próprio Gabriel García Márquez que remete para o livro de Yasunari Kawabata na epígrafe de abertura deste seu romance. Eu tenho o mau hábito de saltar os paratextos no início da leitura e, por isso, só vi a transcrição depois de eu própria ter feito a associação entre as duas obras.
Os dois escritores retratam a situação inquietante e estranha de uma sexualidade masculina em idade avançada, que procura satisfação numa espécie de monólogo, motivado por uma presença feminina jovem e adormecida.
Em Casa das Belas Adormecidas é em torno dessas experiências, das emoções e reflexões que elas suscitam, que se desenvolve toda a trama, obsessivamente, deixando no leitor o gosto amargo de ter vislumbrado tamanha solidão.
Mas em Memória das Minhas Putas Tristes as experiências nocturnas com Delgadina representam, inesperadamente, o eclodir de um amor anacrónico do protagonista, depois de uma vida de só sexualidade, repetindo de certa forma o optimismo de Amor nos Tempos de Cólera.
São livros sobre grandezas e misérias do homem e que sublevam muitas interrogações subtis sobre os caminhos, tantas vezes sinuosos, do prazer e do amor.