P.416: Persepólis
Apresentar com leveza e graça histórias dramáticas e, por vezes, verídicas, não lhes retirar com isso seriedade, não esconder a gravidade com o humor, apenas temperá-la na dose certa e na medida em que este pontua mesmo as existências mais desgraçadas, é uma arte.
Na minha memória cinéfila, um filme ocorre no topo das obras com este perfil: A Vida é Bela, de Roberto Benigni. Ontem, porém, aventurei-me no campo da animação com uma proposta surpreendente e de grande qualidade a este nível: Persepólis.
A história tem tudo para revelar tragédias pessoais e colectivas do povo iraniano, uma vez que percorre a infância e adolescência de uma jovem que cresce durante a Revolução Islâmica. Mas o filme nunca procura a comoção fácil, na senda de uma moda que, na literatura, vem fazendo proliferar e vender histórias do mundo muçulmano no feminino. E é justamente pelo humor, pelo ritmo, pelo recurso a efeitos especiais de animação, de aparência muito simples mas de grande efeito narrativo, que ele atinge o equilíbrio.
Construído a partir da Banda Desenhada original de Marjane Satrapi – também personagem principal –, assinam a realização Vincent Paronnaud e a própria Marjane Satrapi.
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O mesmo filme, um outro olhar.
2 Comments:
Concordo com a tua análise, que prima pela apresentação sucinta e substancial da narrativa.
Acrescentava:
- a banda sonora que acompanha os momentos dramáticos do filme, restituindo-lhe a leveza necessária para evitar excessos de emotividade por parte do espectador;
- as imagens que oscilam entre o realismo da história e o imaginário preenchido pelo movimento suave.
A tua referência ao filme «A Vida é Bela» é muito propositada.
Um excelente filme!
Irene
Obrigada pelo teu complemento enriquecedor, com que concordo inteiramente.
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