P.322: Número convencional
Querido aluno
Fica sabendo que, ainda que me chegues apenas com um número, aquilo que escreves será sempre de alguém com nome, qual, não sei.
Deito-me a adivinhar como és, quanto mais não seja porque me habituei a lidar com gente, já com números… Enfim, adiante!
Descubro-te primeiro o sexo. Fácil, depois de uns quantos anos de escritos de meninos e meninas passando pelas mãos! Imagino-te depois os traços da personalidade, o gosto ou o fastio com que escreves sobre o que te é pedido, até a ansiedade, a desilusão ou a indiferença com que lerás o resultado na pauta…!
Querido aluno, permite que me engane e que cometa, até, alguma injustiça. É só na imaginação que me deixo levar. Os números são frios e vêm de cima. Aplico-os com método e rigor, sem vacilações.
Fica sabendo que, ainda que me chegues apenas com um número, aquilo que escreves será sempre de alguém com nome, qual, não sei.
Deito-me a adivinhar como és, quanto mais não seja porque me habituei a lidar com gente, já com números… Enfim, adiante!
Descubro-te primeiro o sexo. Fácil, depois de uns quantos anos de escritos de meninos e meninas passando pelas mãos! Imagino-te depois os traços da personalidade, o gosto ou o fastio com que escreves sobre o que te é pedido, até a ansiedade, a desilusão ou a indiferença com que lerás o resultado na pauta…!
Querido aluno, permite que me engane e que cometa, até, alguma injustiça. É só na imaginação que me deixo levar. Os números são frios e vêm de cima. Aplico-os com método e rigor, sem vacilações.
Mas depois, fico olhando a mancha do teu texto, imaginando as ilusões de uma idade que sei num tempo que desconheço, as desilusões que desconheço neste tempo que sei… Misturo as cores e desenho-te, enterneço-me ou insurjo-me… Passo ao seguinte.
Um pouco do teu futuro esteve nas minhas mãos. Não o esqueço. Pulsa um coração por trás do número convencional a vermelho, no cimo da tua prova…
Um pouco do teu futuro esteve nas minhas mãos. Não o esqueço. Pulsa um coração por trás do número convencional a vermelho, no cimo da tua prova…
5 Comments:
Uma forma poética de mostrar o ser humano que se esconde por detrás do professor. Imagno que não seja fácil.
Um beijo
Ossos do ofício, maria. Assim o 'querido aluno' a tivesse, a si, em conta como o tem, aqui, a ele; mesmo salvaguardadas as diferenças a dimensão.
Uma belíssima divagação... Quantas vezes gente tem futuros em mãos e nem o percebe. Bjs
Está lindo este escrito...tem alma.
E é muito dificil ter esta postura nos dias de hoje.
Tanto pela altura do ano, em que só os queremos ver pelas costas, como pela altura da condição que nos querem impôr em que quereriamos ver esses que se nos impõem, com toda a sua arrogância, também pelas costas.
beijos
*****!
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