9.7.07

P.319: Hebdomadaire


Eu tinha um professor, no Instituto de Francês, que era um original, até no nome…! Não direi como se chamava, mas direi que me impressionava e que ainda hoje, eu mesma do métier, sonho às vezes com a sua liberdade, com as suas aulas sem regra e tão aulas, tão emoção, tão aprendizagem, tão impróprias para relatar e tão ricas que, a mais de 20 anos de distância as lembro e me ficaram e, se pudesse, gozaria dessa mesma liberdade de equilíbrio nas costas da cadeira sentada, olhando os meus alunos com curiosidade, e dissertaria sobre coisas que me interessassem e os interessassem, autores que ando a ler, por exemplo, e que me serviriam, tão bem quanto outros mais canónicos, para falar deste milagre que é comunicar com arte e dizer o que é universal e intemporal e pode ser dito infinitamente, se infinita for a humanidade…


5 Comments:

Blogger APC said...

Acho que sei bem o que dizes. Como receptora, precisamente. Felizmente!...
Todavia, calha-me bem o tema às avessas, pois que ainda hoje estive a fazer a avaliação final de um grupo mui especial de pedagogos e - uma vez mais de entre tantas, há já uma dúzia de anos - vejo-me diande deste problema: se me proponho pontuar cada item oficial, ao somá-los posso ter um profissional tecnicamente correcto, cuidadoso e ortodoxo, mas cuja mensagem, por muito que haja passado, não apaixonou ao ponto de permanecer nas almas, de ser amadurecida pela experiência e gerar frutos no futuro; como posso ter um Homem natural, um sábio do caos, um genuíno mestre, um amante das coisas que explora, um artista da dúvida, um mentor... alguém cujos ser, estar e dar, afectam (porque é de afecto que falamos; de cognição com emoção) quem os observa e escuta e sente, um pouco por toda a vida.
E é então que eu percebo que não percebo, e que somos demenos para avaliar seja quem for. Mas que, se temos que o fazer, ao menos que o façamos de olhos abertos, de mente aberta, de coração aberto... Permitindo que pelo menos um fiapo de liberdade nos entre pela breve e quadrada janela que nos impõem.

Felizes os que conheceram gente não coisificada com quem aprender coisas gentificante! ;-)

Um grande abraço.

julho 10, 2007 1:14 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Há de factos alguns, poucos, professores que nos marcaram para sempre. Eu também tive alguns, mas estou a recordar-me de um padre triestino, com uma personalidade tão forte quando a sua grande sabedoria. Gostei de vir aqui. Um abraço

julho 10, 2007 12:43 da tarde  
Blogger Irene Ermida said...

sentido de oportunidade poderia ser um outro título; todos temos um ou outro professor que nos marcou positivamente e que, a cada passo, vêm dar cor às nossas lembranças sobre os tempos de estudante.
a sede de ensinar está intrinsecamente ligada à sede do aprender...

julho 11, 2007 12:08 da manhã  
Blogger Irene Ermida said...

a apc
excelente comentário!

julho 11, 2007 12:08 da manhã  
Blogger A. Pinto Correia said...

Ainda existe quem consiga escapar aos estereoptipos.
Tive igualmente um prof assim, de flosofia, de quem tb não direi o nemo. Ao tempo, preso por alturas do PREC por ser militante do MRPP e acusado de pertencer a "uma seita de malfeitores". Era tudo menos isso.
Acredito que ainda há gente assim..

julho 11, 2007 6:52 da tarde  

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