2.10.08

P.455: Crónica de dependências declaradas

Na casa dos 40, conterrâneo, conhecido de vista, de sempre, nunca antes me dirigira a palavra.
Ontem veio, olhar vago e tratando-me por “minha senhora”, pedir dinheiro para o autocarro. A mão trémula recolheu a moeda que a minha, triste no gesto, ali depositou. Nem um agradecimento. A dádiva ficara aquém do preço da sua viagem…
Para mim o custo maior é em tristeza. Vêm, encadeadas, as histórias deprimentes de misérias conhecidas, destas e doutras naturezas. Fico entre fantasmas e almas penadas, debatendo-me em defesa do precário lenho de optimismo que me resta neste naufrágio que é viver…
a

2 Comments:

Blogger M. said...

Muito belo este teu texto.

outubro 11, 2008 12:26 da manhã  
Blogger APC said...

Pujante. Certeiro como uma pedra, nessa angústia que sabemos como é.

novembro 02, 2009 3:59 da manhã  

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