23.11.07

P.370: Do barulho e do silêncio

Uma das piores torturas que me poderiam inflingir seria a de me sujeitarem a prolongadas exposições ao barulho. Perturba-me. Agita-me. Ensurdeço. Por mais de uma vez tive já que fugir de locais onde o grande ruído e a minha forte consciência dele se reverteram em incómodo insuportável.
Vivo procurando a tranquilidade de um ambiente limpo de sons ou imbuído de harmonia, não só essa tranquilidade, mas também ela...
Fujo dos cafés onde ecoam louças por sobre a ladainha da rádio e a sobreposta voz dos clientes. Desligo a T.V. no local de trabalho, sempre que os utentes do espaço de convívio, ignorando o entretem se esquecem também do seu débito sonoro. Evito restaurantes que servem, sem vir na ementa nem ser pedido, o espectáculo de luz e som televisivo. Faço episódicas visitas aos centros comerciais, onde até no suposto recato do w.c. temos que gramar o sucesso do momento aos gritos.
O Natal é, deste ponto de vista, uma época terrível! Nem nas ruas nos livramos da melopeia repetida e imposta, em nome do "prazer" de clientes e transeuntes.
Que parte substancial do meu trabalho se processe ao ritmo estridente da campainha e que as crianças, consabidamente, não se queiram caladas, são necessidades que se sobrepõem ao desagrado.
No resto, faça-se o precioso e raro silêncio que descansa a mente e deixa o pensamento vogar por coisas bonitas...

(Fotografia de Carlos Sampaio)

1 Comments:

Blogger PostScriptum said...

Não poderíamos ser mais iguais no que ao ruído concerne.
A harmonia e o equilibrio não são apanágio do silêncio? São sim.
Um abraço, MM

novembro 26, 2007 12:54 da tarde  

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