5.11.07

P.364: Acerca da Argélia


A Argélia não é um país procurado para visitas de lazer nem quis ainda, nem poderia, entrar nas rotas turísticas de que fazem parte os seus vizinhos Marrocos e Tunísia.

Passeando por Argel e mais dois ou três locais próximos onde é possível ir com relativa segurança, entende-se bem porquê. Não é pela geografia, que ajuda imenso oferecendo paisagens belíssimas. Não é pela herança colonial: os franceses deixaram na arquitectura e nos equipamentos o que com mais qualidade e harmonia de formas pode ainda ver-se.

É mesmo o passado recente, o presente descuidado que, sem exagero, não oferecem um único local que se possa “apreciar no presente do indicativo”, tempo e modo de actualidade e de verdade.

Tudo é pretérito, perfeito e imperfeito, e condicional: Ah, sim, isto já foi bonito! Se estivesse limpo, se estivesse acabado... seria bonito! Na dúvida arrisca-se, por vezes, um futuro perfeito: terá sido um parque desportivo ou de diversões…

Há, com certeza, razões históricas, civilizacionais, que justificam o abandono, a degradação, a sujidade, o inacabamento, a fealdade... que grassa por todo o lado. Lamentáveis razões.

Alger la Blanche arrisca-se a perder a cor sob camadas de negligência e contiguidades apodrecidas. Parece que Allah também dá nozes a quem não tem dentes...

7 Comments:

Blogger PostScriptum said...

De certeza que dá. Penso que essa é uma característica do Continente, sobretudo dos países do Norte.
Leste o meu desafio?
Beijo

novembro 06, 2007 2:16 da manhã  
Blogger Carlos Sampaio said...

Li, já não me recordo onde que:
1. A primeira impressão da Argélia é fortemente negativa;
2. Na segunda visita começa-se a entender;
3. E na terceira começa-se a gostar...

Questão de compreensão ??! :)

novembro 06, 2007 7:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É o mesmo em relação à generalidade dos "países" de África: expulsos os "terríveis colonizadores" o que ficou? Miséria, doença, fome, guerra, numa palavra, atraso. Mas, é claro, isto é politicamente incorrecto. Há que louvar a "emancipação dos povos", seja lá isso o que for...

novembro 06, 2007 11:15 da manhã  
Blogger Maria Manuel said...

postscriptum

Li por alto, mas ainda não me senti imbuída do espírito da coisa... :-) A ver.

Carlos

Ora aí está uma pergunta que tenho que te "devolver"... não sem uma pontinha de preocupação: É assim??!
:-)

f. do valle

As causas e os casos facilmente se podem tornar tema de uma discussão inesgotável...! Ainda assim, parece-me que a generalização não faz justiça a alguns países que dão sinais positivos de melhoria e de maturidade, passados os delírios da emancipação.

novembro 06, 2007 3:21 da tarde  
Blogger Carlos Sampaio said...

MM

Respondendo à questão colocada, é um facto que o primeiro impacto é certamente o mais negativo. Depois ou por habituação, ou por redução de expectativa ou por qualquer outra coisa, melhora... ligeiramente!

novembro 07, 2007 1:17 da tarde  
Blogger bettips said...

Alger estava no meu imaginário impossível, como Agadir, Cairo, Tunes, Tripoli, Alexandria, Istambul. Sinto-me "antiga" demais para ver a degradação. E penso que muito folga (e folgou) a Europa com o subdesenvolvimento dos países do Sul. Religiões à parte. "Ensinar a pescar" seria um caminho equilibrado. Gostei de te ler!

novembro 09, 2007 10:16 da tarde  
Blogger jawaa said...

Vim pela mão de uma colega de profissão que nunca esqueci, de nome igual ao teu, na altura uma menina de alma grande e bonita, hoje mãe de adolescentes - e uma grande profissional, tenho a certeza.
Como o mundo é pequeno, afinal já te «conhecia» do PPP!
Gostei de ler-te, surgiu-me um ou outro comentário a fazer, mas preferi falar-te neste porque me tocaste. Perdi o meu único irmão nesse país quente que visitaste, há mais de 25 anos!
Um abraço, voltarei mais vezes.

dezembro 15, 2007 10:38 da manhã  

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