22.10.07

P.361: Sinais...

Às vezes, de facto, parece que tudo nos empurra para um determinado tema! Coincidências. Há uns dias que o sinto. Músicas ouvidas ao acaso, conversas de esplanada, até lembranças em blogs, como esta da Bettips que, já por mais de uma vez, me "deu a deixa" para a escrita e hoje até uma velha entrevista com Vinicius, na série televisiva Conta-me!
Falo da música brasileira, da sua versatilidade, da quantidade de bons músicos, de bons cantores, de tanta melodia simples e bonita, dos muitos textos tão despretensiosos quanto significativos…! Não sou entendida em matéria musical, mas em escassos minutos, como simples amante do som bom desse lado do mundo, vieram à fala, sem esforço de memória, uma vintena de nomes consagrados. Pequena amostra.

Para além de muitos e bons, os compositores/intérpretes brasileiros têm uma característica que aprecio: cantam-se uns aos outros, interpretam com alma a música de um amigo, tornando-a outra, fazendo-a “sua” sem usurpação… renovam, multiplicam.


Foi por isso que procurei em vão o «Sinal Fechado» nas letras de Chico Buarque, por ter na memória a sua voz cantando em dueto com Betânia, quando afinal a canção é de Paulinho da Viola. Em 1974, Chico gravou um álbum com esse nome, contendo música alheia, uma vez que a censura vetava toda a sua produção. Nessa busca descobri, com agradável surpresa, que em mais de 80 títulos indicados do Chico, sou capaz de trautear uma grande quantidade de canções na íntegra!

«Sinal fechado» é uma das que tenho também em memória. Repeti-a centenas de vezes, no passado, sem reparar muito no engenho fantástico de fazer arte da banalidade aparente. Tomo-a aqui como exemplo de tantas outras que falam do homem e da vida de maneira simples e bonita. E me encantam…


Sinal Fechado
(Paulinho da Viola)
Olá, como vai? /Eu vou indo e você, tudo bem? /Tudo bem, eu vou indo, correndo /Pegar meu lugar no futuro, e você? /Tudo bem, eu vou indo em busca /De um sono tranquilo, quem sabe? /Quanto tempo.../Pois é, quanto tempo...(pausa) /Me perdoe a pressa /É a alma dos nossos negócios.../Oh, não tem de quê /Eu também só ando a cem /Quando é que você telefona? /Precisamos nos ver por aí /Pra semana, prometo, /Talvez nos vejamos, quem sabe? /Quanto tempo.../Pois é, quanto tempo...
Tanta coisa que eu tinha a dizer /Mas eu sumi na poeira das ruas /Eu também tenho algo a dizer /Mas me foge a lembrança /Por favor, telefone, eu preciso beber /Alguma coisa rapidamente /Pra semana.../O sinal.../Eu procuro você.../Vai abrir! Vai abrir! /Prometo, não esqueço /Por favor, não esqueça /Não esqueço, não esqueço /Adeus...
Sinal Fechado - Toquinho & Badi Assad (pot-pourri)

2 Comments:

Blogger PostScriptum said...

Gostaria de tar assinado este texto fantástico, MM
Abraços

outubro 23, 2007 11:55 da manhã  
Blogger bettips said...

É...há algo de comovente nestes pensamentos cruzados. Apreciando desde muito nova, a música, a escrita brasileira e sim, centenas de letras e músicas que nos ficam. Como seria interessante trazê-las à luz de hoje: "Manhã de Carnaval", "O trem das 11h". "A noite do meu bem"... Como "sinais" das nossas vidas.
Este último post meu com fotografias, parecia também "cruzar-se" com o teu anterior... Obrigada, as tuas passagens são queridas (eu quero). E gosto. Beijinhos

outubro 23, 2007 2:56 da tarde  

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