12.9.07

P.346: Traumas sociais


Os traumas são, de facto, coisas difíceis de vencer. Quando o assunto é pessoal, o drama circunscreve-se ao indivíduo, atingindo, quando muito, a sua família. Mas há traumas nacionais e esses são bem mais extensamente nocivos.

Na educação há um “trauma de estimação” que é o que afecta o ensino técnico e profissional. Permaneceu até hoje, numa franja de professores e da sociedade em geral, um estigma, quanto a mim deturpado, que tem que ver com as antigas Escolas Industriais. Não entenderam esses cidadãos que, depois de instaurada a democracia, era o estigma que devia desaparecer e não a escola em si e os seus cursos…. O que devia desaparecer era uma “predestinação” do grau de ensino e das metas por classe e não a possibilidade de obter uma qualificação profissional mínima ou média, que serão sempre melhores que nenhuma! Valorizar essa escola, valorizar esses cursos, num momento em que, precisamente, era possível crescer na igualdade, ter-nos-ia poupado anos de atraso, de frustrações e de abandono escolar.
E, no entanto, ainda hoje, na minha classe, há discursos magoados contra esta evidência…!

Viramo-nos, finalmente, para percursos alternativos e para o ensino profissional, em escolas menos preparadas, porque durante anos desenvolveram ofertas formativas uniformes. Nas outras, do antigamente, apodreceram já os equipamentos técnicos inutilizados.
Em teoria, todos reconhecem que não podemos ter uma sociedade exclusivamente constituída por “doutores”. Mas quando toca a abraçar a ideia de uma formação diferente da rotinada em 30 anos de pós 25 de Abril… aqui d’el-rei…!

Há traumatismos que, decididamente, são problemas de crescimento e para os quais a minha paciência cívica se esgotou!

5 Comments:

Blogger PostScriptum said...

Conheço o discurso miserabilista de muitos profs relativamente ao que falas.
Bjs

setembro 12, 2007 11:03 da manhã  
Blogger Carlos Sampaio said...

A questão toda é adequar a oferta educativa à procura futura do mercado de trabalho. Não é fácil pelo desfasamento temporal mas tem que ser procurado.
Talvez no passado houvesse muito maior necessidade de torneiros e frezadores do que hoje... Mas, o que é certo, é que é utópico julgar que o país deve formar exclusivamente "doutores"... e, ainda por cima, com a "festa" das privadas, muitos são doutores de coisa nennhuma.

Há postos de trabalho que necessitam de formações médias, insisto que proporcionalmente menos do que no passado, mas que existem, existem...!

setembro 13, 2007 10:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Subscrevo por completo!
É preciso fomentar o "saber fazer". Aproveitar o que de bom havia, em conjunto com o que há de bom.

E depois Velhos do Restelo hão-de haver sempre!!

setembro 14, 2007 4:27 da tarde  
Blogger Joana said...

Como me identifiquei, muito bem escrito...

setembro 16, 2007 6:07 da tarde  
Blogger  said...

Gosto sempre de voltar aqui... pela inteligência e intensidade dos textos, com a dose suficiente de imagens.
Obgda pl post "bela onda brasileira", em cheio!!!
Um abraço

setembro 16, 2007 10:29 da tarde  

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