P.345: Desaparecidos sem combate
Este verão português arrefeceu, também, com o crescimento da bola de neve de um caso de polícia, estranho e estrangeiro, em território nacional. Atravessou a estação, em crescendos e estagnações, colocando-nos nos olhos do mundo, até alcançar as actuais dimensões, definitivamente alheias à nossa comedida medida nacional!
O português, geralmente zeloso dos filhos, pasmou de início pela negligência paternal evidente. Mas, generoso, preferiu calar as críticas e abrir o coração à ânsia dos pais, medida pela que seria a sua em caso assim. E lá foi a missas e vigílias ou sites de Internet, conforme os casos. Discutiu em família, no trabalho e nos cafés. Apaixonou-se pelo caso, sempre com aquele rostinho miúdo e bonito em mente, apesar de se falar cada vez menos da miúda e cada vez mais de uns pais em rotas mediáticas.
E ainda que o volte-face dos últimos dias possa ter deixado alguns com a sensação de terem sido traídos na sua credulidade, eu acho que estivemos bem. Antes crédulos que injustos. Antes generosos do que indiferentes.
O que foi virá a saber-se, certamente. Possa a polícia “imunizar-se” para trabalhar sem excessivas pressões. É que o caso atinge proporções de “confronto” nacional e os, até há pouco, vitimizados pais estão a armar-se até aos dentes…!
E quando tudo isto passar, na presença ou na memória, é sobretudo preciso não esquecer os olhares bonitos que se apagam, vítimas de negligentes ou dementes adultos!
1 Comments:
Também acho que "estivémos bem", sim. Pelo menos todos quantos continuaram a desejar intensamente o melhor desfecho para a criança, resistindo à atracção do escândalo, à vontade secretamente assassina de ver as suas mais mórbidas suspeitas confirmadas.
"Estar bem" é saber esperar com esperança, quando mais nos não é possível.
E eu gostei muito de te ler! :-)
Enviar um comentário
<< Home