P.337: O meu Portugal - Biografia de Miguel Torga
Diz António Barreto que Torga não é nada bucólico (RTP2, 13 de Agosto de 2007) e eu, que geralmente estou de acordo com as opiniões expressas por António Barreto, não posso concordar, nem compreender, que um homem habituado a analisar pessoas, mormente os grandes deste mundo, que por arte ou feitos se libertaram da lei da morte, possa dizer, de um poeta assim, que ele é nada disto ou tudo daquilo…!
Nada bucólico e tudo rudeza! Não posso concordar! Que dizer então de um poema que é um hino ao florir de uma macieira ou das manifestações poéticas que celebram os primeiros indícios da Primavera?
Um grande poeta é, penso eu, e aqui modestamente o expresso, o escritor de instantes e de permanências, das situações diversas de que se faz a vida, o sonho, o real e o imaginado, o trivial e o sublime, o essencial e o supérfluo, a natureza rude, cruel e também bucólica, de uma beleza imaculada.
Olhando o seu Doiro, o coração solidário de Torga teria naturalmente que ver principalmente a dureza do esforço humano de uma tal catedral esculpida. Mas nunca o mesmo coração sensível se fecharia à beleza de uma flor que se abre ou ao renovo de uma natureza primaveril que contraria a cinzentez da Quaresma.
Difícil, realmente, falar de um grande poeta. E uma boa solução, a de Maria Alzira Seixo, centrada na questão da relação entre a terra e o mar e na leitura, brevemente comentada, de um poema que a traduz. Aí a presença do Marão, que, para além de ser o nome da serra tutelar, representa para os transmontanos a ideia de grandeza e pode, ainda, ser um aumentativo de “mar”…
Nada bucólico e tudo rudeza! Não posso concordar! Que dizer então de um poema que é um hino ao florir de uma macieira ou das manifestações poéticas que celebram os primeiros indícios da Primavera?
Um grande poeta é, penso eu, e aqui modestamente o expresso, o escritor de instantes e de permanências, das situações diversas de que se faz a vida, o sonho, o real e o imaginado, o trivial e o sublime, o essencial e o supérfluo, a natureza rude, cruel e também bucólica, de uma beleza imaculada.
Olhando o seu Doiro, o coração solidário de Torga teria naturalmente que ver principalmente a dureza do esforço humano de uma tal catedral esculpida. Mas nunca o mesmo coração sensível se fecharia à beleza de uma flor que se abre ou ao renovo de uma natureza primaveril que contraria a cinzentez da Quaresma.
Difícil, realmente, falar de um grande poeta. E uma boa solução, a de Maria Alzira Seixo, centrada na questão da relação entre a terra e o mar e na leitura, brevemente comentada, de um poema que a traduz. Aí a presença do Marão, que, para além de ser o nome da serra tutelar, representa para os transmontanos a ideia de grandeza e pode, ainda, ser um aumentativo de “mar”…
3 Comments:
Um texto de excelente qualidade, quer pela perspectiva assumida, quer pela expressão escrita. Com a tua permissão, já coloquei o link no meu blogue.
beijinhos
Fabuloso, o teu texto. Torga merece-o.
Como dizes, "há gente que nunca morre", ainda que por outras palavras.
Torga não morre.
Bj
Completamente de acordo. M. Alzira Seixo com a sua humildade de grande. E só os grandes reconhecem as almas, rudemente e tanto, poéticas como Torga, sem estar a bater na tecla de "quando eu era pequenino"...
E tão a propósito a tua bela Galafura foi! Destas pequenas homenagens de fez lembrança melhor. Bjs
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