P.164: História e histórias
Não é a minha especialidade e sou pouco mais que leiga na matéria. Isto sem nenhuma falsa modéstia. Mas gosto. Falo de História.
O meu interesse manifesta-se numa atenção especial quando se discutem assuntos históricos, no gosto e, às vezes, até na emoção, quando visito certos lugares, em algumas leituras, de preferência romanceadas, e em filmes.
Mas, com muita pena minha, raramente consigo encontrar com quem falar de assuntos de História!
A minha mãe peca por excesso! Sabe muito e adora explicar. Por isso, qualquer pergunta dá direito a várias horas de exposições encadeadas, das quais é dificílimo escapar!
Os colegas professores que são da especialidade padecem do problema a que chamo “excesso de responsabilidade” (provavelmente eu sofrerei do mesmo na minha área…), ou seja, não são capazes de uma resposta simples, ainda que assumidamente simplificadora, a uma questão, por mais básica que ela seja! E não há pachorra!
Os restantes, pautam-se por uma tão grande ignorância e desinteresse, que não há diálogo possível.
A excepção, às vezes, são os guias dos monumentos históricos, desde que não esqueçamos esta regra primordial: perguntar apenas aquilo que estiver em ligação directa, estreita, com a História do local… Qualquer pergunta fora do âmbito da lição estudada obrigar-nos-á a carregar o letreiro de “turista chato que tem a mania que sabe e pergunta só p’ra s’armar!”
Conversa descontraída e boa sobre História, só mesmo com o C.. Mas ele acaba invariavelmente por me perguntar sobre os vários tipos de cruzes e sobre as Ordens Religiosas em Portugal e eu nunca tenho a lição preparada!… E ficamos assim, até à próxima visita, a próxima cruz, a próxima dúvida…
(Vem tudo isto a propósito de uma recente visita ao Palácio dos Duques de Bragança, em Guimarães, onde foram tiradas as fotografias. Aqui, passa-se uma coisa engraçada: talvez por falta de meios, por questões de afluência, de gestão..., não há visita guiada. Isto foi-nos logo dito previamente, para que não restassem dúvidas. No entanto, alguém faz um enquadramento que, não sei se em virtude do meu visível interesse, durou uma boa meia hora... Depois, durante a visita "sem guia", alguém, um outro funcionário, seguiu-nos todo o tempo e, em cada sala, com indisfarçado entusiasmo, explicou, mostrou, chamou a atenção, reteve-nos mais alguns minutos...! Afinal, porque "não podia haver visita guiada" se a houve?! Mecanismos do IPAR ou do Diabo por ele, que não devem ser para nós, simples turistas, entendermos!)
4 Comments:
Pois...quem tem coisas boas a mais, é assim! Essa mãe vale ouro. Claro que tb é giro ir procurar velhos livros e descobrir curiosidades ... Eu tb adoro a História, a não-chata, mesmo que tenha de ir "encontrar depois" a razão para o que vi. (sua ...física malandra!)
Abç
:-)
Se essa minha mãe valiosa (por tanto mais, mas também pela História) se dignasse aceitar a bondade e universalidade da Internet, poderia congratular-se com as nossas homenagens, minha e dos meus comentadores...! Mas convencê-la a aceitar este bicho estranho??! :-))
«Os restantes, pautam-se por uma tão grande ignorância e desinteresse, que não há diálogo possível.»
Eu, pecadora, me confesso... não será propriamente ignorância e desinteresse, mas uma aversão desde o meu tempo de estudante, em que me vi confrontada com tantas datas e nomes «vomitados» da obra de O. Marques por um professor condenado à sua leitura de gabinete.
Essa aversão foi desaparecendo desde que o meu filho começou a indagar-me, desde tenra idade, sobre estes assuntos e não obtendo resposta satisfatória, aprendia à sua custa e fazia questão de me vir ensinar depois! Hoje consinto falar de História, embora não seja entendida, por isso, um dia destes, acompanhadas por uma caipirosca e amendoins podes puxar o tema e seja o que deus quiser! :-)
:-)
Seja!
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