13.4.07

P.227: A palavra dita

Geralmente é à palavra escrita que cabe o maior peso, pela sua permanência. No entanto, situações há em que a oralidade pode ganhar grande força. Foi o caso da defesa de José Sócrates, esta semana. Assim me pareceu, quando assisti e assim o vi/ouvi afirmado por analistas, obrigados a reconhecer que, contra todas as expectativas, o Primeiro Ministro passou no exame (e desta vez, sem classificação publicada ao domingo!).
Não tirou nenhum coelho da cartola, não formulou nenhuma explicação complicada. Não explicou tudo, mas não recusou nenhuma resposta. Não ficou sequer arredada a hipótese, provável, de recurso a uma Universidade mais “facilitadora” para a conclusão da licenciatura, mas isso é talvez algo que a maioria dos portugueses é capaz de entender e perdoar. E, para os mais cépticos e impenitentes, permanecerá ainda a probabilidade de um favor político…
É, por isso, surpreendente que, apesar de tudo, apesar da impopularidade e sem ser propriamente um grande orador, nos 30-40 minutos concedidos ao assunto Sócrates tenha aberto amplas e decisivas clareiras no emaranhado de casos e acusações da teia tecida ao longo das últimas semanas!
A mim parece-me que o caso poucas mais pernas terá para andar. Resta saber se permanecerá no governante, em consequência disto, alguma humildade de que não tem dado prova ou se, pelo contrário, ferido no seu orgulho se fará ainda mais arrogante do que a atitude costumada…

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Chiça e para explicar o mais fácil precisou demorar este tempo todo alimentando polémicas? Ou os média estão em crise e é necessário vender desinformação?
Se nada existe a esconder, abre-se logo o jogo e explica-se...penso eu de que... ... ...

abril 13, 2007 8:47 da tarde  
Blogger A.S. said...

A oposição leva o primeiro ministro para os terrenos que ele mais gosta de pisar!
A única conclusão a tirar é que infelizmente não temos oposição! E não temos pelo simples facto de ela não ter sido capaz de fazer o que o Governo tem feito!... Os erros que o governo tem cometido passam completamente ao lado de uma oposição inconsequente!

abril 14, 2007 2:20 da tarde  
Blogger Maria Manuel said...

:-)) Enviado por email pela A.F.S.:

(versão século XXI no BlogOperatório)

As equivalências e os termos assinados,
Que na ocidental raia Lusitana,
Por cursos nunca antes frequentados,
Passaram ainda além dos seis dias da semana,
Em betão armado e pré-esforçado,
Mais do que prometia a desfaçatez humana,
E entre gente bem mais douta edificaram
Novo currículo, que tanto sublimaram;

E também as notícias gloriosas
Daqueles feitos, que foram omitindo
A Lisura, a Hombridade, as Virtudes valerosas
Das corporações que foram destroçando;
E aquele, que por obras viciosas
Se vai da lei da respeitabilidade libertando;
Sobranceiro, entre pares, no plenário,
Cantarei, se a tanto me ajudar o engenho sanitário.

abril 14, 2007 4:00 da tarde  
Blogger Carlos Sampaio said...

Pode ter convencido ou não, muito ou pouco. Apesar do mérito que não se lhe pode retirar como primeiro ministro, o facto é que esta história põe dramaticamente a nu um CV de "boy do aparelho". O percurso académico do PM pode até nem ter beneficiado de favores, mas não é exemplo para ninguém.

Assinado por um licenciado em Eng Electrotécnica pela FEUP (não sou engenheiro!) :)

abril 14, 2007 5:35 da tarde  

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