P.122: Afinal...
Quem convive com adolescentes facilmente se rende às coisas bonitas da sua cultura. Estou a pensar em hip-hop e em grafittis e não foi sem surpresa que me vi galgar a estranheza das primeiras impressões distantes, para ouvir realmente e ver com olhos de ver.
Há de tudo, claro. Mas quanta riqueza em algumas mensagens, por entre a floresta dos palavrões e as manchas nítidas das cores! Misturam-se a raiva, a irreverência – quem viveu a adolescência sem elas, alguma lhe há-de sobrar para a vida adulta… – uma visão crítica do Homem e muito, muito sonho.
Porque reúno as duas artes no mesmo texto? Apenas por não ter matéria para discorrer sobre elas em separado. Não porque lhes falte riqueza, mas porque me falta a mim conhecê-la.
(Gentilmente cedido pelo Rui, o autor)
Só mais uma coisa. Todos sabemos o grande "dói" do grafitti: ser uma arte de rua, geralmente não consentida e poluidora. Os verdadeiros amantes e artistas também não apreciam esse mero rabisco irritante, que apenas suja sem nada dizer. A nova fórmula é, a troco de poderem expressar-se livremente, sem suportarem os custos, mas também sem nada receberem, decorarem muros e paredes "encomendados". Já o vi em lojas, clubes, parques radicais... e o resultado pode ser uma boa alternativa ao monocromático cimento ou à tinta desgastada!
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
[Isto agora fui eu a aproveitar-me de Saramago... :-) ]
1 Comments:
Também eu não conheço a matéria a fundo para poder discorrer sobre essas manifestações juvenis, que podem perdurar para além da fase da adolescência... Apenas como observadora posso salientar o efeito visual/sonoro que transparece desses tipos de comunicação e apreciar que cada geração possui uma riqueza íncomparável que merece ser compreendida ou, pelo menos, aceite, na medida em que contribui para esse pluralismo de linguagens e ideias.
Penso, contudo, que, como em qualquer área, haverá os genuínos e os pseudos.
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