P.117: Escrever
Há uns 15 dias, vi, num vídeo-clube, aquilo que pretendia ser um aviso aos clientes. Parecia coisa séria, envolvendo talvez reclamações, talvez danos, talvez reparações, em circunstâncias que não consegui descortinar quais fossem! Em formato A4, aquela dúzia de linhas de palavras ditadas seguramente por uma necessidade, não diziam nada de tão desconexas e mal escritas!
Nessa situação, foi incontrolável um sorriso trocista que perpassou pelo grupo. Mas geralmente os erros afixados ou publicados incomodam-me. Não aquelas pequenas desatenções, para as quais é fácil treinar a tolerância, até porque há sempre clarabóias de vidro em qualquer telhado, incluindo o meu, mas os outros: os crassos, os gordos, os deselegantes e repetidos, os que deturpam e impedem a comunicação.
Por vezes chega a percorrer-me a sensação assustadora de uma pandemia!
Por vezes chega a percorrer-me a sensação assustadora de uma pandemia!
Que difícil é ensinar a escrever! Esgotadas as regras ortográficas, de acentuação, de pontuação, morfológicas, sintácticas, semânticas, pragmáticas (e todas interligadas)… ficamos ainda a braços com as estilísticas!
Mas mais do que as implicações multifacetadas da escrita, ou talvez justamente por ser uma competência trabalhosa, o problema principal coloca-se a nível da vontade e urge recriar em relação a ela critérios de rigor e necessidades de brio.
Voltarei ao assunto.
9 Comments:
E quem não tem telhados de vidro?????
um beijinho
:-)
gostei muito
O mesmo não se poderá dizer da escrita aqui patenteada: "cai que nem ginjas"!
Ou contuando no estilo: "anda Pacheco"...
...Maria Manuel: agradeço as suas palavras nos comentárias da menina marota sobre o meu lobices; quanto à gralha que assinalou a mesma não se encontra no livro (foi apenas uma repescagem que a MM fez de um texto antigo anterior à revisão)
...um beijinho e grato
Para quem ensina a língua materna apaixonadamente, dói «ver» tantos adultérios linguísticos por esse país fora... Propunha que os prevaricadores em locais públicos fossem sujeitos a uma coima...
Ah e parabéns pelo blog... muito «intenso»!!!
Regressei aqui, onde já algum tempo não vinha. As saudades foram maiores e cá estou. E que diferença. Uma M que é Maria, que está apaixonda e nos mostra o seu rosto bonito. Não poderia ser de outra forma: para palavras bonitas... um rosto a condizer. Boa semana!
Pirata
O jornalismo é, de facto, um sector muito sensível. A responsabilidade é acrescida e o descuido enorme!
Cina
Obrigada. Gostei da visita.
Lobices
Ainda bem que se tratou apenas de uma gralha. Renovo votos de sucesso para o livro!
Irene
Obrigada e... não percas o link!
;-)
Jl
:-) Quanto exagero! Mas obrigada pela simpatia e pelo regresso a este humilde espaço.
avisos como esse pululam com abundância neste país à beira mar plantado!
Se falarmos na imprensa escrita então o descalabro é total...
As revisões dos artigos antes de serem impressos são feitas a "martelo" e o resultado é o que se vê.
:-)
Se na primária se chumbasse por erros ortográficos como antigamente, seria mehor ou pior?
Carlos
Seria seguramente melhor para a ortografia, que seria mais respeitada. Mas não creio que resolvesse todos os problemas da escrita. É certo que o erro ortográfico é o mais visível e chocante, à primeira vista. Mas a falta de coesão textual, que radica em falhas gramaticais e de sentido (morfossintácticas e semânticas) prejudica muito mais a compreensão.
O que acho, sem sombra de dúvida, é que deve haver mais e mais rigorosas actividades de escrita, desde esses primeiros anos: algumas cópias, ditados levados a sério, redacções de textos diversificados, com orientação alguns, de tema livre outros. Esse rigor, claro está, tem que se reflectir na avaliação dos alunos. Mas não de uma forma cega: um exame em que são permitidos, no máximo, dois erros e três faltas! Era assim, creio eu.
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