21.10.06

Página 110: Johann Strauss e o direito ao aborto.

Que título estranho! Que relação? Que significado?
Reminiscências. Relações que o cérebro comanda, activando a memória de coisas que afinal não se desperdiçaram!
Qualquer coisa do serviço noticioso de hoje trouxe a galope, de não sei onde, a recordação dessa série televisiva, vista na infância. Nem a relação é directa, nem o episódio havia sido actualizado, em muitos anos, coisa estranha! Mas figurou-se-me ali logo, inteirinha, a cena do médico assistente do parto do(s) primeiro(s) filho(s) de Johann Strauss pai, momento de crise e pergunta decisiva: salva-se a mãe ou a(s) criança(s)?!...
Eu teria quê? Nove ou dez anos?...
Já se percebeu que o parêntesis comporta uma dúvida sobre a hipótese de gémeos, que creio que eram; de toda a maneira só um sobreviveu. E do que acabei de afirmar se deduz a resposta do pai Johann, avô do Danúbio Azul.
Eu teria quê? Nove, dez anos?... A questão do médico deixou-me suando frio, a decisão de Strauss gelou-me! Ela era a companheira, jovem, bonita, apaixonada…! Ou eu percebera mal o filme? E era aquele rapaz, futuro pai (ou não…), que tinha que carregar o peso de uma ou mais vidas?! Minha mãe, do lado, confirmava que sim, talvez já arrependida de me ter autorizado assistir àquela série, que na altura era ela a mulher da bolinha e nunca vi censora tão eficaz!...
Johann condenou a companheira e eu lamentei-o pelo tormento da sua decisão e iniciei o meu caminho de compreensão de que esta coisa de ser mulher, e de gerar o fruto do homem, acarretava riscos…
Hoje recordei isto, a propósito do discutido referendo. A relação não é directa. Mas penso, agora, que foi talvez o meu primeiro contacto com a questão da gestação e da vida, do poder de decisão sobre elas, dos perigos associados, da morte.
Fiel ou não à biografia familiar dos Strauss, a ficção colocou-me perante a realidade pesada desse poder e dessa angústia….

2 Comments:

Blogger Escuta o teu mundo... said...

Entre a espada e a parede, sempre será assim. num lado a pessoa que ama-mos do outro o fruto desse amor.
Nunca será facil. bj

outubro 22, 2006 3:39 da tarde  
Blogger Belzebu said...

E como não é ficção mas a mais dura realidade, importa agir e tomar posição! Até porque esse poder e essa angustia convivem com a morte e a humilhação!

Saudações infernais!

outubro 24, 2006 12:48 da tarde  

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