16.11.06

P.115: Cidades



Sinto assim, também. E gostei de ler.

«Grande parte da inspiração que tenho recebido viajando provém da minha passagem por uma cidade. Não é um acaso. Como ficar indiferente às cidades? Atraindo pessoas, provocando contactos, permitindo trocas, conservando memórias, elas reúnem o melhor que a humanidade produziu: ideias revolucionárias, invenções geniais, linhas arquitectónicas, receitas, curas, descobertas, cruzamentos de raças, as provocações intelectuais duma tertúlia, a rivalidade criativa de dois compositores em contacto directo, a melhoria dum produto provocada pela concorrência entre várias oficinas de artesãos, a luminosidade das praças e o claro-escuro dos becos, a solenidade dos templos e catedrais, a ambiguidade dos lugares de perdição. Cada cidade é um enigma imóvel, um cromossoma vivo, uma memória inquieta».
A Lua Pode Esperar, Gonçalo Cadilhe