6.7.08

P.439: Grandezas de facto e de circunstância...















Revisita à Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. Se um santuário se mede pela espiritualidade e pela emoção e enlevo que suscita, este é, seguramente, um dos meus. Aqui tudo é belo, mesmo as páginas densas e ilegíveis dos livros que não posso folhear, só ver ao longe, num enlevo platónico e numa abstinência sem conflito.
O bom cheiro da madeira, da temperatura certa, dos livros antigos sem bicho e sem mofo. As belas cores dos tectos simbólicos, explicados pela porteira, que acede a fazer de guia contagiada pelo meu entusiasmo… O desenho lindíssimo do encastrado das mesas de leitura, o recorte das estantes, a luz…
Pouso os olhos numa colecção de postais de livros raros. Entre eles a primeira edição de Os Lusíadas. Bate-me o coração mais depressa: é então ali que se encontra? Como pude não saber do facto na primeira visita?! Mas não. O livro pertence à Biblioteca, mas está guardado em cofre, de onde só sai em ocasiões especialíssimas, como essa última, que foi a do actual Primeiro Ministro ter solicitado que o dito fosse trazido à sua presença!
E é assim, grande Camões, que fico a saber que 436 anos após a publicação, continua a tua epopeia a ir ao Paço prestar homenagem ao poder!… E a esta pobre lusa que também/mais(?) prezava vê-la na sua primeira letra impressa coube comprar este postal e formular o desejo de que um dia, devidamente acautelada, a primeira edição do maior livro da nação possa ser vista por todos aqueles que ele celebra… Peço muito?!

1 Comments:

Blogger APC said...

Poderás vê-lo quando fores Primeira Ministra, ora! :-)))

Bela imagem, essa. E gostei de te ler. Repeti a passagem do aroma da madeira na temperatura certa! :-)

Sabes... Um certo dia lá me permiti achar possível ganhar uma viagem à Biblioteca de Alexandria. Foi à conta daquele malfadado concurso de língua portuguesa que sempre me diverte imenso, enfim. Mas, confesso - não sei o que seria de mim se lá fosse... O que seria dos meus olhos, do meu espanto! Tanta vida, tanta história, tanta aisthésis...!

Gostei de te ler, pois foi! :-)

Deixo um abraço.

julho 09, 2008 12:56 da manhã  

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