P.427: Ventos que levam mais que a flor...
Pedem os velhos que os deixem viver os tempos finais na tranquilidade dos ambientes conhecidos, que a idade presta-se mal ao desenraizamento…
Pois chegada a hora de um certo descanso e tendo mesmo ganho encantos que não tiveram em novas, deve ser com grande dor que as oliveiras centenárias de Trás-os-Montes se vêm agora arrancadas do seu solo, amigo de sempre, para empreenderem aventurosas viagens rumo a jardins estrangeiros e desconhecidos!
Tanta azeitona criada, tanto azeite vertido, para, por cento e cinquenta euros de rendimento fácil, serem arrancadas ao remansoso convívio entre vizinhas de tantas décadas, serem exiladas da paisagem em que sempre foram protagonistas!
As mais retorcidas e nodosas, ou as mais finas e delicadas, as de maior ou de menor envergadura – que isto de gostos, até para escolher oliveiras, há-os aos centos – lá vão seguindo para França e (pasme-se!) para o Dubai, numa emigração forçada que troca a utilidade natural pelo capricho de um enfeite.
E esta terra nordestina, de tantos homens foragidos, vê agora, também, partirem-lhe as árvores…
(A partir de notícia de hoje, no programa «Portugal em Directo», da Antena 1. Fotografia de Carlos Sampaio)
2 Comments:
Há coisas que custam a encaixar!
:))
Tinha lido, sim. Como tudo se vende...assim, sem sentimento, sem razão ...
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