17.9.07

P.349: In nomine dei

Mas que deus, afinal?

A pergunta não é, evidentemente, de hoje e geralmente, quando me aflora o espírito, surge em situações mais sérias – ou talvez seja mais correcto dizer surgia, porque há muito que a questão não se me coloca, não por falta de conhecimento e vivência de situações dramáticas, mas pela falta de evocação de deus a elas associada.

Hoje, porém, foi o cartaz promocional de um livro, na livraria Bertrand, que de imediato me suscitou a pergunta. Trata-se da obra Bala Santa e sob o título – já de si suficientemente polémico… Bala “Santa”…! Medição de forças entre o mal do nome e o bem do adjectivo…? – a letras gordas no cartaz, uma frase atribuída à irmã Lúcia: «Nenhuma bala pode matar se essa não for a Sua vontade» (Irmã Lúcia numa carta a João Paulo II).

O meu pasmo não podia ser maior! Que a pobre da irmã Lúcia tenha dito ao Papa que os milhares de pessoas deste mundo que morrem baleadas, crianças e demais inocentes incluídos, morrem por vontade de deus, é surpreendente, mas tem que ser desculpado, à luz da inimputabilidade de alguém que devemos perdoar porque, com toda a evidência, não sabe o que diz… Mas, que pensar do autor do livro, que provavelmente usou e teceu enredo em volta destas palavras?! Que achar do promotor da obra, que reproduz uma tal enormidade no seu cartaz…?!

Os maiores inimigos de deus falam geralmente em seu nome ou medram na sua sombra!

2 Comments:

Blogger PostScriptum said...

Sem dúvida. Tudo é feito em nome de Deus.
"Se o Papa ordena liquidar alguém na defesa da fé, faz-se isso sem fazer perguntas. Ele é a voz de Deus e nós [A santa Aliança - serviços secretos do Vaticano]somos a mão executora".
Cardeal Paluzzo Paluzzi, chefe da "Santa" Aliança, século XVII. O mesmo poderia ter sido dito pelo actual papa, ex-responsável pela "defesa da fé". Estou certo de que o fez e/ou o disse.
Recomendo-te - caso ainda não o tenhas lido, o livro, "A Santa Aliança", cinco séculos de espionagem do Vaticano de Eric Frattini, da "Campo de Letras".
Um bom dia para ti

setembro 19, 2007 11:52 da manhã  
Blogger Irene Ermida said...

Pena que a fé ofusque as mentes que, infelizmente, são seguidas por outras menos precavidas... Sem dúvida, a ser verdade, uma frase verdadeiramente infeliz! Mas que não me surpreende, afinal!
Uma excelente perspectiva a que expressaste neste post.

setembro 23, 2007 10:06 da tarde  

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