16.4.07

P.230: Livros escolares

Começa por esta altura, para os profissionais do meu ofício, e dura aí uns dois meses bem medidos. É uma saga , esta dos livros escolares!
Cabe aos professores escolherem os manuais que, de três em três anos, geralmente em dois níveis de ensino predeterminados, serão adoptados. Para escolher é necessário conhecer, naturalmente. E não será por falta de fornecimento de livros que os seleccionadores ficarão na ignorância. Bem pelo contrário.
A oferta de livros pelas editoras tem duas vertentes: a dos livros directamente enviados aos professores, para casa ou para o trabalho; e a das apresentações dos projectos para cada ano – falar meramente de livro não corresponde aos actuais parâmetros de exigência que as editoras escolares se impuseram, acompanhados que são hoje, quase sempre, de livros complementares de exercícios, de planificações, de CD áudio, de DVD, de transparências, etc.
O envio directo traz o problema da arrumação, exigindo, para quem tem pouco espaço, alguma revisão e dolorosa reciclagem. Custa-me pôr livros no papelão, ainda que sejam manuais escolares já um pouco desactualizados. Mas, que fazer? O mercado já esteve mais activo, mas ainda assim, só à minha conta foram uns quinze manuais, no ano passado, fora os que ficaram na escola. E não há estante que cresça nessa medida!
As apresentações dão direito a muito mais, são objecto de insistentes convites e levantam-me outro tipo de questões. É bom ouvir os autores falarem dos seus livros-projectos, sugerirem estratégias, exemplificarem explorações possíveis; fica-se, naturalmente, a conhecer muito melhor as potencialidades do material didáctico. Mas as sessões que as grandes editoras organizam para o efeito por esse país fora, em espaços luxuosos, juntando centenas de professores a quem oferecem todo esse material na respectiva pasta promocional e ainda, desde há uns anos para cá, um cocktail ou um jantar convívio, parece-me esbanjamento. Dir-me-ão que os ganhos o justificam. Mas eu ponho-me do lado dos que pagam esses ganhos e logo me parece que dois ou três exemplares por escola e um cafezinho nas apresentações seria o suficiente, se daí resultasse um preço um pouco menos pesado para quem tem de comprar.