Página 90: Sigmund
F. engravidou aos 16 e quando começaram as dores de parto pensava que os meninos “se cagavam”, como lhe parecera perceber pelas inúmeras experiências de nascimentos a que assistira pelo buraco do tabique que a separava do “quarto” dos pais. Não invento nada e F. não é, sequer, uma vetusta representante provinciana do meu sexo. Andará na casa dos 50 e conta-me isto com a mesma naturalidade com que me fala das investidas do pai sobre a mãe, homem, pelos vistos, sempre disposto à função e pronto a enxotar, sem grande disfarce, a filharada do local onde o desejo o assaltasse, tipo: “inda a gente num dera as costas, já ele birava minha mãe num monte de palha”!
Penso nisto quando hoje ouço, no noticiário, ilustres estudiosos portugueses falarem, a propósito da comemoração dos 150 anos do nascimento de Freud, na “exposição das crianças à sexualidade dos adultos”…
E depois, a esta mais evidente e chocante história, vêm, naturalmente juntar-se as próprias e inconfessáveis recordações de um tempo infantil e adolescente, bizarrias em que se entrechocam os valores atávicos do meio pequeno, com os alvores da liberdade num meio familiar timidamente intelectual e progressista…
E algures entre esse tempo e o momento presente, o grito de Ipiranga que me permite, hoje, dormir sem sobressalto as noites e enfrentar tranquila os dias…
Parabéns a você, Herr Sigmund!
Penso nisto quando hoje ouço, no noticiário, ilustres estudiosos portugueses falarem, a propósito da comemoração dos 150 anos do nascimento de Freud, na “exposição das crianças à sexualidade dos adultos”…
E depois, a esta mais evidente e chocante história, vêm, naturalmente juntar-se as próprias e inconfessáveis recordações de um tempo infantil e adolescente, bizarrias em que se entrechocam os valores atávicos do meio pequeno, com os alvores da liberdade num meio familiar timidamente intelectual e progressista…
E algures entre esse tempo e o momento presente, o grito de Ipiranga que me permite, hoje, dormir sem sobressalto as noites e enfrentar tranquila os dias…
Parabéns a você, Herr Sigmund!
5 Comments:
Os franceses têm uma expressão idiomática muito interessante, que me ocorre, a propósito deste tema: "ne pas chercher midi à quatorze heures"!... Dá para entender? Espero que sim.
a imagem vs o texto? :-)))
pela tua história parece que a observação/audição dos pais provocou a gravidez precoce... e a F. importando-se com isso?
Escrita e ilustração sem preocupação com as conexões...
esta imagem é muito boa mas já dá formigueiro...
:-)) Ok.
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